Rui Pina
Rui Pina
Membro de uma das bandas de culto do panorama do Hip Hop nacional os Dealema. Nasceu no Bairro da Previdência em Ramalde numa altura em que o flagelo das drogas pesadas atingia o seu ápice. Quem diz que nos dias de hoje o Porto é perigoso e violento não viveu nos bairros na década de 90. Actualmente qualquer pessoa pode entrar a noite no Bairro da Previdência, Aldoar ou Fonte da Moura com o Iphone topo de gama que nada acontece, os tempos mudaram. Nos anos 90 não era aconselhável sequer a entrar se não fosses conhecido ou amigo de alguém.
Expeão viu e viveu uma altura em que a decadência e o vício caminhavam juntos. A realidade era mais dura e fazia com que os portuenses que viviam em bairros fossem mais resistentes e desembaraçados. Isto para dizer que o Hip Hop nasce do desconforto e da desigualdade misturada com uma generosa dose de criatividade, assim rompe um Expeão como um grito de justiça social. A vontade de expor e denunciar os contrastes do bairro, excitante Bairro.
A arte em Rui Pina não se manifesta apenas na música e derrama também para o mundo da fotografia, regista o seu olhar pelas ruas do Porto com a mesma sensibilidade que o caracteriza, retrata a monarquia e a plebe da Invicta com a mesma intensidade. Como um antropólogo do contemporâneo consegue captar as essências, as armaduras, os anseios, os perfumes, as dores e as angustias.
Esta paixão já deu frutos ao ganhar vários prémios internacionais assim como ter sido o melhor Português no Mira Mobile Prize em 2017.
Eventualmente se não o encontrarem pelas ruas do Porto sempre podem visitar o artista aqui.
Texto: M. A.
Mestre Alfaiate Ayres Carneiro da Silva
88 anos, é alfaiate há 70. Fundou no Porto a “Ayres Alta Costura”. Vestiu artistas, atletas, políticos e banqueiros. E ainda trabalha com o neto Ayres Gonçalo (Ayres Bespoke Tailor).
Com 88 anos uma lenda viva da cidade do porto e um dos mais famosos alfaiates da Invicta.
Sempre amável comigo (quando tenho o prazer de encontrar este grande senhor e pensador) na rua sempre activo quando peço permissão para o fotografar aproveito para ouvir alguma sabedoria.
Texto retirado do Instagram de Rui Pina (@gothic_porto)
ESTA GENTE
Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco
Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis
Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre
Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome
E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada
Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo
Sophia de Mello Breyner Andresen | “Geografia”