Quinta de Villar d´Allen
Jardins do Porto
Quinta de Villar d'Allen é no Porto o último exemplo vivo das propriedades da burguesia do séc. XIX.
João Allen, ou mais precisamente Jonh Francis Allen, descendente de uma distinta família inglesa, viveu na cidade do Porto no decorrer da primeira metade do século XIX, mantendo estreitas ligações à produção e comércio de Vinho do Porto. Grande coleccionador e homem ligado às artes, João Allen era o proprietário do Museu Allen (cujo acervo foi depois integrado no Museu Municipal) na Rua da Restauração. As importantes acções na Guerra Peninsular, em que participou como voluntário, valeram-lhe a distinção de Cavaleiro da Ordem da Torre e Espada, concedida por D. João VI.
Em 1839 começou a construir a Casa de Villar d’Allen, como residência de verão, e a respectiva quinta, que foi crescendo progressivamente através da aquisição do Monte da Fonte Pedrinha, e da Quinta da Arcaria à Santa Casa da Misericórdia do Porto nesse mesmo ano, da Quinta de Vila Verde em 1869, ou da Quinta da Vessada em 1873. No portão da quinta observa-se um pequeno brasão em ferro com a representação heráldica dos Allen, família que ainda hoje é sua proprietária.
Assim, a Casa de Villar d’Allen, exemplo de arquitectura romântica e de certo pendor revivalista, resulta da recuperação e remodelação da casa da Quinta da Arcaria, à qual foram acrescentados dois corpos a Nascente e a Poente, soterrando a fábrica de curtumes anexa à fachada Norte, esta última rematada com dois torreões, com merlões e seteiras.
De planta rectangular, que articula três pisos ao nível do alçado posterior e dois no principal, a casa apresenta um corpo envidraçado a sul que lhe acentua o carácter alongado. As platibandas recortadas que rematam as paredes, juntamente com os merlões e as seteiras, conferem unidade às linhas superiores da fachada.
O alçado posterior abre-se para o jardim de formas geométricas, conservado da quinta anterior, e que apresenta buxos e alegretes em granito, com um lago redondo e repuxo, ao centro. A Norte, o aterro cria uma zona individualizada, cercada por um pequeno bosque, onde Alfredo Allen, filho de João Allen e Visconde de Villar d’Allen, introduziu na propriedade, e em Portugal, alguns exemplares de plantas e arbustos exóticos, entre os quais se destacam as famosas camélias de Villar d’Allen. Este tratamento paisagista tem vindo a ser considerado como um dos primeiros no nosso país que segue a tipologia dos jardins paisagistas e pituresques que procuram reproduzir a espontaneidade da natureza; sendo, muito possivelmente, inspirado nos livros trazidos de Londres e que ainda hoje integram o espólio da biblioteca de Villar d’Allen, entre os quais se destacam William Kent e Capability Brown. Nos jardins surgem, amiúde, pedras trabalhadas e falsas ruínas, entre as quais se destacam os fogaréus e os “cestos de fruta” atribuídos a Nicolau Nasoni e muito possivelmente provenientes do vizinho Palácio do Freixo, concebido por este arquitecto.
No interior, destaque para os estuques da sala de estar principal (com representações de figuras históricas e mitológicas) e para a denominada “Sala das Estátuas”, de planta rectangular com cantos arredondados em cujos nichos se expõem figuras em gesso representando as quatro estações do ano. Uma última referência para a interessante colecção de retratos da família Allen, que tem início em Geoges Allen (1698-1772) e termina em Alfredo Ayres de Gouveia Allen (1900-1975), sendo as mais antigas pinturas atribuídas a Mercier.
Rosário Carvalho
Quinta de Villar d´Allen - Localização, Horário e contato
Quinta de Villar d´Allen
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