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Irlanda, O Som e a Fúria

Irlanda, O Som e a Fúria
© Nuno Coelho

Just mustard - M.ou.Co.

Precedeu-os a relativa fama, o proveito de uma tour europeia com os conterrâneos Fontaines DC, e a escuta atenta dos – já – inúmeros convertidos: os irlandeses Just Mustard (que imaginamos que são mais uma na longa linhagem de bandas cujos nomes são decididos, por exemplo, num pub à volta de um petisco) por cá passaram, por escolha dos cada vez mais fundamentais Suspeitos, para um concerto n’ O Mouco Porto – um conceito, chamemos-lhe isso, já a revelar-se incontornável no circuito de espectáculos de pequena/média dimensão na cidade. E pequenos/médios os Just Mustard não foram.

 
Muito jovens que são, decidem atingir o alvo, o público, o público-alvo, directamente nos ‘soft-spots’ de uma deliquescência urbana, nocturna, e dançável mesmo assim – como nos velhos clubes noir/goth. Não são banda para crescendos, cada canção diz ao que vem quase imediatamente, e os refrões são anti-refrões e um trabalho notável de inversão de expectativas – estão lá, mas não estão lá. A bateria de Shane Maguire nunca chega a ser polirrítmica, mas vive em contra-tempo. A tensão consiste nisto, e os Just Mustard trabalham a tensão com músculo e oxigénio suficiente para os intervalos em que respirar é permitido. Porque é visível que o objectivo é, aqui e ali… serem som de, e motivo de, aflição.
A voz de Katie Ball, já terá sido dito por todo o lado, lembra Alison Shaw, dos Cranes; mas ninguém pode acusá-la de emulação quando grita as letras como uma menina furiosa (também não ficámos demasiado impressionados com as comparações, p.ex., das vozes de Jehnny Beth, dos Savages, e de Siouxsie Sioux).
 
 
Irlanda, O Som e a Fúria
© Nuno Coelho
Lírica quase imperceptível de abandono amoroso e tensão sexual? Olá, shoegaze. E Robert Hodgers Clarke, baixista, é ‘O Shoegazer dos Shoegazers’, ponto. O motor imóvel e cabisbaixo de uma banda que é um maquinismo negro e pessimista nascido numa República da Irlanda – não no Reino Unido, portanto, mas rodeada de Brexit por todos os lados. Fala-se dos conterrâneos My Bloody Valentine, claro, como sempre se fala quando a ‘canção’ é uma coisa mutante e rodopia na electricidade e tritura o reconhecimento de acordes e harmonias. Vemos melhor aqui, contudo, os Health da fase do álbum ‘Get Colour’, em que não se percebia se sentiam gozo ou tristeza ao explodirem os formatos rock que tinham sido os seus, e de todos, até então. Também é verdade que, quando esse disco foi lançado em 2009, falou-se dos My Bloody Valentine a propósito e despropósito.
Com 2 álbuns editados (‘Wednesday’, de 2018, e ‘Heart Under’ deste ano da desgraça de 2022), este muito bonito grupo de amigos pode estar a oferecer-nos uma polaroid do ‘zeitgeist’ ou uma profecia daquilo a que soa o futuro. Para eles, queremos o futuro; por todos nós preferimos a hipótese do retrato, apenas, de um estranho momento passageiro.
 
Alguém também, algures, falou dos Bauhaus? Sim, foi possível descortiná-los por ali a espaços. Ou seja, só bom gosto.
 
Autor: André Guerra
Fotografia: Nuno Coelho
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© Nuno Coelho

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