O Porto, a sua gente e os seus costumes já serviram de inspiração a inúmeras demonstrações de arte. E a música não é excepção. A Agenda Cultural do Porto preparou uma pequena lista de artistas que se serviram da cidade para criarem músicas que ajudam a eternizar o Porto como sendo um local especial.
Do fado ao hip hop, passando pela música popular portuguesa, descobre ou relembra estes sons do Porto e confere as respetivas letras:
Porto Sentido
Quem vem e atravessa o rio
Junto à serra do Pilar
Vê um velho casario
Que se estende ate ao mar
Quem te vê ao vir da ponte
és cascata, São-Joanina
Dirigida sobre um monte
No meio da neblina.
Por ruelas e calçadas
Da Ribeira até à Foz
Por pedras sujas e gastas
E lampiões tristes e sós.
E esse teu ar grave e sério
Dum rosto e cantaria
Que nos oculta o mistério
Dessa luz bela e sombria
Ver-te assim abandonada
Nesse timbre pardacento
Nesse teu jeito fechado
De quem mói um sentimento
E é sempre a primeira vez
Em cada regresso a casa
Rever-te nessa altivez
De milhafre ferido na asa
Porto Cidade
Da Foz à Ribeira, por Miragaia
Alminhas da ponte chorosas
Como andorinhas de mini saia
As catraias voam graciosas
Sobem Santo António, Santa Catarina
Rua Formosa e da Alegria
A volta dos tristes, alegres agora
Do Bonfim às Fontainhas sem demora
Porto cidade, bela mulher
Só ama quem ela quer
Loura distante, frígida amante
Que grita de paixão, é S. João
Que grita de paixão, é S. João
Balada à Cidade do Porto
Numa noite em que saí
Fui à baixa e aos Leões passear
E fui até ao Rivoli
Sem destino certo pra levar
Foi então que percebi
Na cidade do Porto tudo estava a mudar
Tenho Porto
Tenho a cidade do Porto no meu coração
Numa noite em que saí
Fui à baixa e aos Leões passear
E fui até ao Rivoli
Sem destino certo pra levar
Foi então que percebi
Na cidade do Porto tudo estava a mudar
Tenho Porto
Tenho a cidade do Porto no meu coração
Tenho Porto
Tenho a cidade do Porto no meu coração
Fui ao Palácio de Cristal
Por avenidas e vielas eu andei
Tanta coisa estava mal,
Mas pela cidade eu me apaixonei
Foi então que percebi
Na cidade do Porto tudo estava a mudar
Tenho Porto
Tenho a cidade do Porto no meu coração
Numa noite em que saí
Fui à baixa e aos Leões passear
E fui até ao Rivoli
Sem destino certo pra levar
Foi então que percebi
Na cidade do Porto tudo estava a mudar
Tenho Porto
Tenho a cidade do Porto no meu coração
Pronuncia do Norte
Há um prenúncio de morte
Lá do fundo de onde eu venho
Os antigos chamam-lhe renho
Novos ricos são má sorte
É a pronúncia do norte
Os tontos chamam-lhe torpe
Hemisfério fraco, outro forte
Meio-dia não sejas triste
A bússula não sei se existe
E o plano talvez aborte
Nem guerra em bairro ou corte
É a pronúncia do norte
É um prenúncio de morte
Corre um rio para o mar
Não tenho barqueiro nem hei de remar
Procuro caminhos novos para andar
Tolheste os ramos onde pousavam
Da geada as pérolas, as fontes secaram
Corre um rio para o mar
E há um prenúncio de morte
E as teias que vidram nas janelas
Esperam um barco parecido com elas
Não tenho barqueiro nem hei de remar
Procuro caminhos novos para andar
E é a pronúncia do norte
Corre um rio para o mar
E as teias que vibram nas janelas
Esperam um barco parecido com elas
Não tenho barqueiro nem hei de remar
Procuro caminhos novos para andar
É a pronúncia do norte
Corre um rio para o mar
Vinho do Porto
Primeiro a serra semeada terra a terra
Nas vertentes da promessa
Nas vertentes da promessa
Depois o verde que se ganha ou que se perde
Quando a chuva cai depressa
Quando a chuva cai depressa
E nasce o fruto quantas vezes diminuto
Como as uvas da alegria
Como as uvas da alegria
E na vindima vão as cestas até cima
Com o pão de cada dia
Com o pão de cada dia
Suor do rosto pra pisar e ver o mosto
Nos lagares do bom caminho
Nos lagares do bom caminho
Assim cuidado faz-se o sonho e fermentado
Generoso como o vinho
Generoso como o vinho
E pelo rio vai dourado o nosso brio
Nos rabelos duma vida
Nos rabelos duma vida
E para o mundo vão garrafas cá do fundo
De uma gente envaidecida
De uma gente envaidecida
Vinho do Porto
Vinho de Portugal
E vai à nossa
À nossa beira mar
À beira Porto
À vinho Porto mar
Há-de haver Porto
Para o nosso mar
Vinho do Porto
Vinho de Portugal
E vai à nossa
À nossa beira mar
À beira Porto
À vinho Porto mar
Há-de haver Porto
Para o desconforto
Para o que anda torto
Neste navegar
Por isso há festa não há gente como esta
Quando a vida nos empresta uns foguetes de ilusão
Vem a fanfarra e os míudos, a algazarra
Vai-se o povo que se agarra pra passar a procissão
E são atletas, corredores de bicicletas
E palavras indiscretas na boca de algum rapaz
E as barracas mais os cortes nas casacas
Os conjuntos, as ressacas e outro brinde que se faz
Vinho do Porto vou servi-lo neste cálice
Alicerce da amizade em Portugal
É o conforto de um amor tomado aos tragos
Que trazemos por vontade em Portugal
Se nós quisermos entornar a pequenez
Se nós soubermos ser amigos desta vez
Não há champanhe que nos ganhe
Nem ninguém que nos apanhe
Porque o vinho é português
Vinho do Porto
Vinho de Portugal
E vai à nossa
À nossa beira mar
À beira Porto
À vinho Porto mar
Há-de haver Porto
Para o desconforto
Para o que anda torto
Neste navegar
Vinho do Porto
Vinho de Portugal
E vai à nossa
À nossa beira mar
À beira Porto
À vinho Porto mar
Há-de haver Porto
Para o desconforto
Para o que anda torto
Neste navegar
Margens do Douro
Renascendo do meu sonho
Corre o rio sem fim
Que passou por entre as margens
Daquelas várias viagens
[Mundo Segundo]
Vem a Invicta, coração azul e branco
O teu sotaque é único fruto do bruto e franco
Tua mística é sangue azul na veia artística
Sem filtro na linguística maior característica
Quando te vestes de cinza tornas-te fria
E falas-me saudade, solidão e nostalgia
Entre a neblina das 7 da matina
Do topo da colina, ninguém imagina
Como és tão bela, mas nunca adormecida
Tua face é uma tela sem preços jamais vendida
Da Cúpula do Palácio ao Arco D. Luís
Cruzei o Atlântico levei comigo a tua raíz
Essa pronúncia do Norte que em palcos me acompanha
Que à primeira se estranha mas depois
Se entranha, as tuas margens são
A mais inspiração e esse teu cheio inesquecível
Como noites de S. João
Renascendo do meu sonho
Corre o rio sem fim
Que passou entre as margens
Tão diversas mais além
Daquelas várias viagens
Que esse imenso rio tem
[Maze]
Abstracto, casario ribeirinho na neblina
Sentimento intenso do topo da colina
Sotaque serrado gritado à porta do tasco
Escorre néctar divino envelhecido em casco
Grizo que paralisa, pesado como pipas
Por isso visualiza, suor que vem das tripas
Gente invencível e empreendedora e crítica
Na rua rostos rijos de ruga granítica
É humidade aos molhos, morrinha molha tolos
Vida que vem da vinha e alimenta todos
Manhãs gélidas, tardes melancólicas
O cinza pincelado de camélias e magnólias
Paisagens bucólicas de arquitecturas góticas
Óticas de Mira-Douro relatam histórias
De Valdes D’Ouro o meu tesouro duradouro
Até andar violeta para o Prado do Repouso
Renascendo do meu sonho
Corre o rio sem fim
Que passou entre as margens
Tão diversas mais além
Daquelas várias viagens
Que esse imenso rio tem
Renascendo do meu sonho
Corre o rio sem fim
Que passou entre as margens
Tão diversas mais além
Daquelas várias viagens
Que esse imenso rio tem
Porto – Porto
mergulhadas ao contrário
aguarela na corrente
pelo Douro as cores das casas
a cidade e o seu cenário
as janelas querem gente
como os sonhos querem asas
no reflexo da Ribeira
vão as nuvens pelo chão
nada o Duque no seu seio
os rabelos vão nas vistas
amarrados aos turistas
as gaivotas de permeio
sendo outras são as mesmas
as gaivotas e o seu grito
noutro vento a mesma dança
pelo Douro desce o tempo
nossos olhos ao relento
vão mudando na mudança
no granito do teu peito
bate um rio-coração
doces vagas, tempestade
deste Porto fiz meu porto
a caminho do teu corpo
pelo norte da vontade
no meu sonho livres rotas
como asas de ninguém
(há quem diga que exagero)
troco ouro por gaivotas
por tão pouco há logo quem
diga que é porque te quero
Vá comboio, meu comboio
Carrega na velocidade
Para só quando chegarmos
À cidade
Olá cidade do Porto
A lágrima ao canto do olho
Estava fechada há que tempos
Com um ferrolho
Custou tanto cá chegar
Mil e uma peripécias
Quando menos se espera
O diabo tece-as
Ai, eu estive quase morto
No deserto
E o porto
Aqui tão perto
Ai, eu estive quase morto
No deserto
E o porto
Aqui tão perto
Mal chegado, vislumbrei
Dois amigos do alheio
Vasculhando a minha caixa
Do correio
Ah, tratantes, apanhei-vos
Com a boca na botija
Com certeza não esperam
Que eu transija
Não é nada do que pensas
Viemos trazer-te um recado
Que nos foi entregue
Por um embuçado
Ai, eu estive quase morto
No deserto
E o Porto
Aqui tão perto
Ai, eu estive quase morto
No deserto
E o porto
Aqui tão perto
Dizia assim o recado
No Palácio há variedades
Se lá fores, verás que vais
Matar saudades
Eu, matar, não gosto muito
Mas saudades, é diferente
É como matar pulgas
Alivia a gente
Cheguei lá e deparei
Com uma mulher embuçada
Intimei-a: Para lá
Com essa tourada
Ai, eu estive quase morto
No deserto
E o Porto
Aqui tão perto
Ai, eu estive quase morto
No deserto
E o porto
Aqui tão perto
Desembuça-mos, vá lá
E já agora, desembucha
Com esse capuz, mais pareces
Uma bruxa
Diz-me o que fazes aqui
Canto ali com as atracções
No conjunto do “Godinho
E os seus Gordões”
Já te topo, há quanto tempo
Te não punha a vista em cima
Diz-me lá
Se és ou não és
A Etelvina
Ai, eu estive quase morto
O deserto
E o Porto
Aqui tão perto
Ai, eu estive quase morto
No deserto
E o porto
Aqui tão perto
Sou a Etelvina, sim senhor
Não me digas, Etelvina
Que andas assim por andares
Clandestina
Clandestina? Não estás bom
Eu fugida? Nem se pense
Este fato é só p’ra aumentar
O suspense
Sou cantora no conjunto
E aparecemos embuçados
E ficam os espectadores
Arrepiados
Ai, eu estive quase morto
No deserto
E o Porto
Aqui tão perto
Ai, eu estive quase morto
No deserto
E o porto
Aqui tão perto
Mas na vida é bem diferente
Ando de cara descoberta
Com a cabeça e os sentidos
Bem alerta
Já vi tantas injustiças
Falo de dentro de mim
E o que me sai cá de dentro
Sai-me assim:
Faço música p’ró povo
E tu, povo, retribuis
E tu me inspiras sustenidos
E bemóis
Ai, eu estive quase morto
No deserto
E o Porto
Aqui tão perto
Ai, eu estive quase morto
No deserto
E o porto
Aqui tão perto
E eu também faço o mesmo
Com o que o povo me dá
Gratuito o dó-ré-mi
E mais o lá
Lá fiquei a noite toda
Numa de improvisação
A regenerar o corpo
E o coração
Lá fiquei a noite toda
Numa de improvisação
A regenerar o corpo
E o coração
Ai, eu estive quase morto
No deserto
E o Porto
Aqui tão perto
Ai, eu estive quase morto
No deserto
E o Porto
Aqui tão perto
Ai, eu estive quase morto
No deserto
E o Porto
Aqui tão perto
Ai, eu estive quase morto
No deserto
E o Porto
Aqui tão perto
Ai, eu estive quase morto
No deserto
E o Porto
Aqui tão perto