Entre nós e as palavras, o nosso dever sonhar.
A palavra vai florir nesta edição da Feira do Livro do Porto. A palavra à solta nos Jardins do Palácio de Cristal, a palavra ao canto dos pássaros.
Anunciamos um festival literário fecundo, construído em torno da palavra, essa potência invencível, e assente numa programação rica, diversificada, multidisciplinar e inclusiva, onde marcarão presença destacadas figuras da nossa cultura como Ricardo Araújo Pereira, Germano Silva, Álvaro Magalhães, João Botelho, António Guerreiro, Márcia, António Manuel Ribeiro, Teresa Coutinho, Martim Sousa Tavares, Shahd Wadi, Xullaji, Afonso Cruz, Rui Cardoso Martins, Pedro Mexia, Fernando Pinto do Amaral, Valério Romão, Hugo van der Ding, Ana Deus, Jaime Rocha, Sónia Baptista, Luís Osório, Luca Argel, João Luís Barreto Guimarães, Ana Zanatti, B Fachada, Samuel Úria, Rodrigo Guedes de Carvalho, Paulo Pires, Mário Lucio, Filipe Sambado e A Garota Não, só para citar algumas.
Uma edição da Feira do Livro aberta à participação de todos os que dedicam a sua vida ao livro e à palavra, uma iniciativa plena e luminosa que estreitará ainda mais a relação da cidade com o livro e com a leitura.
Palavra escrita, palavra dita, gritada, muitas vezes sussurrada, palavra encenada, palavra cantada, resistindo ao silêncio, ao tempo, à ausência, à ignorância, à opressão. A vitória da linguagem.
Sobre este tema, desvenda-nos Manuel António Pina:
“A minha relação com as palavras, muitas vezes, é deixá-las ir sozinhas. Porque elas acabam sempre por falar sozinhas e têm lógicas próprias que nós não dominamos totalmente, e que têm a ver com a matéria poética.” E prossegue: “A relação com as palavras tem que ser uma relação semelhante à que o pastor tem com os rebanhos: deixá-las em «liberdade condicionada» ou «abandono vigiado».”
Na sua crónica “Palavras que nos dizem”, Pina é peremptório: “As palavras são seres furtivos, capazes de sentidos onde não alcançam, pobres deles, os dicionários. O seu poder é enorme e ninguém nem nada lhe está imune. É um saber.”
Em suma, o nosso propósito programático nesta edição da Feira do Livro do Porto, no trilho de Manuel António Pina, é claro: DAR CORDA À PALAVRA.
Uma programação intensa, onde não faltam sessões de cinema, apresentações de livros, conversas com escritores, mesas de debate, performances, recitais de poesia, concertos, leituras encenadas, sessões de spoken word e espetáculos para toda a família, certos de que “o pior de todos os males seria a morte da palavra”, como escreveu Heraclito. Uma programação, dizemos, virada para o Futuro e assente numa atitude de modernidade e de compromisso com o nosso tempo. Preferiremos sempre a modernidade às modas, a liberdade à libertinagem, o clamor ao silêncio. Propomo-nos, por fim, cativar para a leitura um público cada vez mais jovem que parece começar a acreditar que a Poesia é uma linguagem libertadora e parte integrante da Vida.
Terminamos estas breves notas sobre a Feira do Livro do Porto evocando o título do primeiro livro de poemas de Manuel António Pina, que serve de mote a esta edição: Ainda não é o fim nem o princípio do mundo calma é apenas um pouco tarde.
João Gesta
Coordenador de Programação da FLP 2023
Texto retirado : https://www.feiradolivro.porto.pt/
25 ago. – 10 set. 2023
Jardins do Palácio de Cristal
HORÁRIO
SEG. A QUI: 12H-21H
SEX: 12H- 22H
SÁB: 11H-22H
DOM: 11H-21H
LOTAÇÃO E BILHETES
Auditório Biblioteca Municipal Almeida Garrett (BMAG)
Entrada gratuita sujeita a levantamento de bilhete no Balcão de Informações da BMAG, 1h30min antes do início da atividade. Entrega limitada a dois bilhetes por pessoa, até à lotação da sala.
Abertura de portas: 30min antes das sessões.
Lotação do Auditório: 186 lugares + 4 lugares reservados a mobilidade condicionada.
Concha Acústica
Entrada gratuita sujeita à lotação do espaço.
Lago dos Cavalinhos
Entrada gratuita sujeita à lotação do espaço.
ACESSIBILIDADES
Fraldário
Terminal Multibanco
Acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida
INTERPRETAÇÃO LÍNGUA GESTUAL PORTUGUESA (LGP)
SEX 01 SET, 18H
A POESIA É FEITA CONTRA TODOS – Teresa Coutinho conversa com Martim Sousa Tavares
QUI 31 AGO, 16H30
TERRIVELMENTE TEIMO EM ADORAR A LIBERDADE LIVRE – Inês Fonseca Santos conversa com Afonso Cruz
SEX 08 SET 18H
A POESIA VAI ACABAR – Raquel Marinho conversa com Filipa Leal e Maria Quintans
DOM 10 SET 16H30
É SEMPRE A TREMER QUE LEVO O SOL À BOCA – Francisca Camelo conversa com Rosa Alice Branco
QUI 31 AGO + QUI 07 SET, 17H30
A VOZ COMO LETRA – voluntários da Biblioteca Sonora conversam com Marta Bernardes
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MANUEL ANTÓNIO PINA, AQUELE QUE SE NASCEU NO PORTO
Tendo aportado com 17 anos a esta cidade “desrazoável, intransigente e generosa”, depois de ter partido para sempre da infância “num grande camião de mudanças”, Manuel António Pina “nasceu-se” no Porto, como escreveu num texto de 2001. Talvez por isso, porque aqui teve de reencontrar “o fio perdido do seu destino”, nos seus textos, os modos e os lugares comuns portuenses surgem tocados de uma espécie de transcendência, dando a medida do que, em nós, é simultaneamente estranho e familiar, alienante e reconhecível, desesperante e redentor.
Nas suas crónicas não faltam umas quantas incursões na Feira do Livro do Porto, a qual, mais que um lugar para mundanidades literárias, lhe servia de pretexto para interrogar o mistério da poesia – o porquê dela e dos seus leitores. Mas Pina foi também o cronista das alegrias e misérias pátrias, com melancolia sem rancor e humor sem euforia. Cedo desenganado da política, ele fez, diariamente, política por outros meios, na cidadania e nas crónicas. A substância destas é a mesma da sua poesia, e das suas ficções, e das peças que escreveu para o Teatro do Pé de Vento. A sua obra teatral completa é provavelmente o mais importante acervo da dramaturgia portuguesa para o público infantojuvenil, a antítese mesma de um teatro infantilizado.
No programa da homenagem ao Prémio Camões 2011, vamos convocar alguns dos muitos Pinas que havia em Pina: o poeta e o escritor; o repórter e o editor de cultura do JN, que encarava o jornalismo como outra forma de respeitar as palavras; o publicista; o guionista de TV; o cinéfilo que assistiu, no Batalha, a dez sessões de Pedro, o Louco, em dez dias consecutivos, e que escreveu o melhor ensaio disponível sobre Aniki Bobó; sem esquecer o Pina das tertúlias e dos cafés – do Piolho, do Orfeu, do Convívio – e dos amigos (que o esperam ainda).
“Há cidades que nos ficam justas, e há cidades que nos ficam grandes, e outras que nos ficam muito apertadas, como se fossem uma roupa que não nos pertencesse. O Porto está-me justo, está à minha medida”, escreveu ele. Leais aos que aqui nasceram como aos que aqui se nasceram, quisemos uma evocação à medida do Pina, que lhe fique justa, como lhe ficava o Porto, e não uma cerimónia como algo que não lhe pertencesse – a ele e a nós. Algo menos que uma homenagem e algo mais que uma homenagem. Estão todos a ver onde o autor quer chegar?
Rui Lage
Comissário da Homenagem a Manuel António Pina
DATA / HORA
PARTICIPANTES
TÍTULO / AUTOR
18:00
PROMOBOOKS
OLHOS QUE COMIAM MEDO
NORBERTO RIBEIRO
19:00
PROMOBOOKS
FILHOS DA RAIA
JORGE AFONSO
20:15
TRAGA-MUNDOS
(ÀS) CONTAS COM ALMAS PENADAS E DIABOS, BRUXAS E MAUS OLHADOS
ROBERTO AFONSO
DATA / HORA
PARTICIPANTES
TÍTULO / AUTOR
14:30
ACAPO
A PARTILHA DAS BANANAS
FERNANDO MARQUES PEREIRA
18:30
IBOOK
CAUSA E CONSEQUÊNCIA / PORQUE VIVEMOS
MAURO NAKAMURA
DATA / HORA
PARTICIPANTES
TÍTULO / AUTOR
18:00
TRAGA-MUNDOS
A PANIFICADORA DE VILA REAL DE NADIR AFONSO – CRÓNICA DE UMA DEMOLIÇÃO
LAURA AFONSO E MILA SIMÕES ABREU
DATA / HORA
PARTICIPANTES
TÍTULO / AUTOR
19:30
URUTAU
VOLTA PARA A TUA TERRA: UMA ANTOLOGIA ANTIRRACISTA/ANTIFASCISTA DE ESCRITORAS ESTRANGEIRXS EM PORTUGAL
DATA / HORA
PARTICIPANTES
TÍTULO / AUTOR
18:00
PORTO DESIGN BIENNALE / ESAD – IDEA
HANDS-ON TYPE: APRENDER COM O PATRIMÓNIO TOPOGRÁFICO
DATA / HORA
LOCAL
TÍTULO / AUTOR
16:30
DINALIVRO
JUÍZES SOCIAIS DESAFIOS E PARTICIPAÇÃO DE CIDADANIA
18:00
IBOOK
CONVERSANDO COM O INIMIGO
HENRIQUE CYMERMAN
DATA / HORA
PARTICIPANTES
TÍTULO / AUTOR
14:00
ASCR – CONFRARIA QUEIROSIANA
A FROTA MERCANTIL DO PORTO E O COMÉRCIO COM O BRASIL ENTRE 1818 E 1825
JOAQUIM ANTÓNIO GONÇALVES GUIMARÃES
15:30
AFRONTAMENTO / TEODOLITO
AS CARQUEJEIRAS DO PORTO – UM PROJECTO, UM SENTIDO
ARMINDA SANTOS
17:00
LEMA D’ORIGEM EDITORA
A VOZ DO VENTO E OUTRAS ESTÓRIAS
SÍLVIA LAMAS
DATA / HORA
PARTICIPANTES
TÍTULO / AUTOR
14:00
CONVERGÊNCIA
O LENTO ESQUECIMENTO DE SER
MIGUEL D’ALTE
15:30
LEMA D’ORIGEM EDITORA
O AMOR QUE VEIO DA CHINA E OUTROS CONTOS
PAULO SALGADO
18:30
CONVERGÊNCIA
O SOMBRA
JORGE AFONSO
19:45
AUTORES CLUB CRIATIVO LDA
EGOSISMO
ORLANDO CASTRO
DATA / HORA
LOCAL
TÍTULO / AUTOR
16:00
ADELINA ROSA (ALINE)
MILAGRES E PARÁBOLAS DE JESUS
ADELINA ROSA (ALINE)
DATA / HORA
PARTICIPANTES
TÍTULO / AUTOR
12:30
–
EL EXCESO MÁS PERFECTO: XXX PREMIO REINA SOFÍA DE POESÍA IBEROAMERICANA
ANA LUÍSA AMARAL
DATA / HORA
PARTICIPANTES
TÍTULO / AUTOR
19:00
–
BEIJOS E CONTOS
RUTH COLLAÇO E HETERÓNIMOS
DATA / HORA
PARTICIPANTES
TÍTULO / AUTOR
16:00
BOOKI – LIVROS TÉCNICOS
A INTEGRAÇÃO ESCOLAR DAS CRIANÇAS NA TRANSIÇÃO DE CICLO
ARMANDA ZENHAS
18:30
AFRONTAMENTO / TEODOLITO
PULSAR – APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO
PEDRO EIRAS
10 DE SETEMBRO
DATA / HORA
PARTICIPANTES
TÍTULO / AUTOR
11:30
IBOOK
A MÃE TEM UMA ESTRELA NA BARRIGA
RUTE PINTO
15:30
MOSAICO DE PALAVRAS EDITORA
PEDRAS QUE FALAM
JOSÉ A. C. PACHECO
17:00
LIVRARIA SNOB
BENDITO E LOUVADO CONTO CONTADO – CONTOS POPULARES PORTUGUESES
BENITA PRIETO E ROSANA MONT’ALVERNE
18:30
NOVA VEGA
5 LIÇÕES DE STORYTELLING – FACTOS, FANTASIA E FICÇÃO / 5 LIÇÕES DE STORYTELLING – PERSUAÇÃO, NEGOCIAÇÃO E VENDAS
JAMES MCSILL
20:30
MOSAICO DE PALAVRAS EDITORA
MORDO AS ASAS DUMA BORBOLETA
RAQUEL VAZ
DATA / HORA
LOCAL
TÍTULO / AUTOR
11:30
IBOOK
UM ABRAÇO DE ESTRELA
JOANA LOPES
14:30
AUTORES CLUB CRIATIVO LDA
PRISÃO POLÍTICA
SEDRICK DE CARVALHO
18:30
NOVA VEGA
SANGUE
MADALENA FELICIANO SANTOS, CATHERINE NEVES E VANESSA BARROCA DOS REIS
19:45
DINALIVRO
FLORES QUE SE COMEM ESPONTÂNEAS E CULTIVADAS
FERNANDA BOTELHO