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Rainer Werner Fassbinder - A Fúria de Viver Teatro Campo Alegre

Rainer Werner Fassbinder – A Fúria de Viver | Teatro Campo Alegre

Rainer Werner Fassbinder – A Fúria de Viver | Teatro Campo Alegre
6 a 26 Outubro
A 6 de Outubro começa o grande acontecimento cinéfilo da rentrée: um ciclo de filmes de um dos nomes maiores da história do cinema, Rainer Werner Fassbinder, cuja obra foi uma espécie de “abalo sísmico” cujos efeitos ainda hoje se fazem sentir. É por isso necessário voltarmos a ela, agora em novas cópias restauradas, que serão disponibilizadas ao público português, sobretudo às novas gerações de espectadores, que as usufruirão como uma extraordinária descoberta.
Neste ano em que se assinala a passagem dos 40 anos sobre a morte do realizador, vamos ver, de 6 a 26 de Outubro, no Teatro Campo Alegre, 8 filmes em cópias restauradas, um deles inédito comercialmente em Portugal (Mamã Küsters Vai para o Céu).
6 Out
18h30 MAMÃ KÜSTERS VAI PARA O CÉU
21h30 CUIDADO COM ESSA PUTA SAGRADA
7 Out
18h30 O MERCADOR DAS QUATRO ESTAÇÕES
21h30 ROLETA CHINESA
8 Out
15h30 MAMÃ KÜSTERS VAI PARA O CÉU
18h30 O MEDO COME A ALMA
21h30 AS LÁGRIMAS AMARGAS DE PETRA VON KANT
9 Out
15h30 CUIDADO COM ESSA PUTA SAGRADA
18h30 O CASAMENTO DE MARIA BRAUN
21h30 EFFI BRIEST – AMOR E PRECONCEITO
10 Out
18h30 ROLETA CHINESA
21h30 AS LÁGRIMAS AMARGAS DE PETRA VON KANT
11 Out
18h30 O MEDO COME A ALMA
21h30 O CASAMENTO DE MARIA BRAUN
12 Out
18h30 CUIDADO COM ESSA PUTA SAGRADA
21h30 EFFI BRIEST – AMOR E PRECONCEITO
13 Out
18h30 O MERCADOR DAS QUATRO ESTAÇÕES
21h30 O MEDO COME A ALMA
14 Out
18h30 O CASAMENTO DE MARIA BRAUN
21h30 MAMÃ KÜSTERS VAI PARA O CÉU
15 Out
15h30 ROLETA CHINESA
18h EFFI BRIEST – AMOR E PRECONCEITO
21h30 CUIDADO COM ESSA PUTA SAGRADA
16 Out
15h30 O CASAMENTO DE MARIA BRAUN
18h AS LÁGRIMAS AMARGAS DE PETRA VON KANT
21h30 O MEDO COME A ALMA
17 Out
18h30 O MERCADOR DAS QUATRO ESTAÇÕES
21h30 CUIDADO COM ESSA PUTA SAGRADA
18 Out
18h30 MAMÃ KÜSTERS VAI PARA O CÉU
21h30 O CASAMENTO DE MARIA BRAUN
19 Out
18h30 ROLETA CHINESA
21h30 O MEDO COME A ALMA
20 Out
18h30 CUIDADO COM ESSA PUTA SAGRADA
21h30 EFFI BRIEST – AMOR E PRECONCEITO
21 Out
18h30 O MEDO COME A ALMA
21h30 AS LÁGRIMAS AMARGAS DE PETRA VON KANT
22 Out
15h30 O MERCADOR DAS QUATRO ESTAÇÕES
18h30 O CASAMENTO DE MARIA BRAUN
21h30 EFFI BRIEST – AMOR E PRECONCEITO
23 Out
15h30 AS LÁGRIMAS AMARGAS DE PETRA VON KANT
18h30 O MEDO COME A ALMA
21h30 ROLETA CHINESA
24 Out
18h30 MAMÃ KÜSTERS VAI PARA O CÉU
21h30 EFFI BRIEST – AMOR E PRECONCEITO
25 Out
18h30 O MERCADOR DAS QUATRO ESTAÇÕES
21h30 AS LÁGRIMAS AMARGAS DE PETRA VON KANT
26 Out
18h30 CUIDADO COM ESSA PUTA SAGRADA
21h30 O CASAMENTO DE MARIA BRAUN
Ciclo Rainer Werner Fassbinder – A Fúria de Viver
8 filmes em cópias restauradas
Este será o grande acontecimento cinéfilo da rentrée: um ciclo de filmes de um dos nomes maiores da história do cinema, Rainer Werner Fassbinder, cuja obra foi uma espécie de “abalo sísmico” cujos efeitos ainda hoje se fazem sentir. É por isso necessário voltarmos a ela, agora em novas cópias restauradas, que serão disponibilizadas ao público português, sobretudo às novas gerações de espectadores, que as usufruirão como uma extraordinária descoberta.
Intenso, incansável, Rainer Werner Fassbinder (1945-1982) foi uma espécie de cometa entre os cineastas do “Novo Cinema Alemão” – Wim Wenders, Werner Herzog, Völker Schlonforf, Margarethe Von Trotta e Alexander Kluge –, que a partir de finais dos anos 60, uma década de contestação e mudanças radicais na sociedade, vieram renovar o cinema na Alemanha, dividida desde o fim da Segunda Grande Guerra, precisamente o ano em que Fassbinder nasceu. A produção de Fassbinder foi imensa e em 13 anos realizou 37 filmes, séries para televisão e vídeos, produziu 4 peças de rádio, escreveu 18 peças de teatro e encenou 23. Foi um autor inteiro: realizador, actor (em filmes seus e de outros), director de fotografia, montador, produtor e compositor. A sua criatividade não conhecia fronteiras.
Neste ano em que se assinala a passagem dos 40 anos sobre a morte do realizador, vamos ver, de 6 a 26 de Outubro, no Teatro Campo Alegre, 8 filmes em cópias restauradas, um deles inédito comercialmente em Portugal (Mamã Küsters Vai para o Céu).
Cuidado com essa Puta Sagrada (1971) é o filme que conclui a primeira fase da sua obra, mais despojada. Explicitamente autobiográfico, é como que uma espécie de súmula do que o realizador fizera até aí e percebe que é preciso dar um passo em frente. É um filme que reflecte sobre o trabalho e as tensões na rodagem. O Mercador das Quatro Estações (1972) olha para a era Adenauer, a do “milagre económico”, sobre a qual Fassbinder era bastante céptico (a história da Alemanha foi um dos temas fundamentais na sua obra). Nesse mesmo ano realiza mais uma obra-prima: As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant (François Ozon retomou-o, em Peter Von Kant – 2022, filme de abertura da Berlinale, retomando também aquilo que Fassbinder admitiu: que Petra era ele próprio; o filme estrear-se-á em Portugal a 27 de Outubro). Digamos que é o contraponto burguês d’ O Mercador…, e uma crítica radical aos papéis dos géneros e às relações dentro do casal. Com uma das melhores interpretações na história do cinema (Irm Hermann no papel de Marlene, a empregada) e onde Fassbinder mostra que também a linguagem pode ser filmada. O Medo Come a Alma (1974) é uma homenagem a Douglas Sirk e marca um novo “avanço “. Fassbinder dizia que “os filmes de Sirk libertam a cabeça” e com este filme a sua linguagem cinematográfica “evoluiu de uma posição vanguardista para uma forma de narrativa popular, porém descomprometida” (Christian Brad Thompson), permanecendo fiel ao seu mundo, mas tornando-o acessível a um público mais vasto (não esqueçamos que Fassbinder realizou várias séries – e filmes – para televisão, também eles obras-primas, que chegaram a um público alargado). Effi Briest – Amor e Preconceito (1974), adaptação do romance Effi Briest, de Fontane (1895), do qual segue de perto o texto original, foi um sonho acalentado durante vários anos e o projecto no qual mais investiu, sendo, ao mesmo tempo, uma espécie de súmula dos seus temas principais. É o seu filme “mais literário” (com o próprio Fassbinder a emprestar a sua voz a Fontane), numa constante tensão entre palavras e imagem, como um extraordinário jogo de espelhos. Foi um dos seus maiores sucessos de público. Mamã Küsters Vai para o Céu (1975), inédito em sala em Portugal, uma explosão de sentida raiva, foi um filme controverso e outro momento alto de uma obra que não tinha medo de colocar tudo em causa, no caso a exploração jornalística, ideológica e económica de uma tragédia pessoal. Como se a utopia da revolução acabasse fatalmente traída. Roleta Chinesa (1976, e no qual participa Anna Karina), filmado do ponto de vista de uma filha que atribui à má relação dos pais uma deficiência física que com os anos se foi agravando. Talvez o seu trabalho de câmara nunca tenha sido tão rigoroso e exacto como neste filme, explorando linhas, reflexos, jogos de espelhos… O Casamento de Maria Braun (1979) foi o seu maior sucesso e Maria, interpretada por Hanna Shygulla, é uma mulher enérgica, independente e confiante. Uma “perita no futuro”, como ela diz. Mas o que acontecerá a Maria e ao futuro que sonhara, quando, depois de vários reveses e twists, parece estar a um passo de se concretizar?
CUIDADO COM ESSA PUTA SAGRADA
Warnung vor einer heiligen Nutte
de Rainer Werner Fassbinder
com Hanna Schygulla, Lou Castel, Eddie Constantine
RFA, 1971 – 1h43 | M/16
A “puta sagrada” do título é a câmara de filmar. Uma equipa de cinema alemã instalada em Itália espera o dinheiro para começar a rodar. Num filme recheado de alusões autobiográficas e auto-citações cinéfilas, num tom predominantemente satírico, Fassbinder lembra-nos que nem sempre os sonhos se podem realizar e que, entre os discursos e os factos, a distância pode ser grande.
O MERCADOR DAS QUATRO ESTAÇÕES
Händler der Vier Jahreszeiten
de Rainer W. Fassbinder
com Hans Hirschmüller, Irm Hermann, Hanna Schygulla, Kurt Raab
RFA, 1971 – 1h29 | M/16
Um homem regressa a casa e tenta reconstruir a sua vida laboral e conjugal, tornando-se num mercador de fruta, ajudado pela sua mulher e por outro homem, poucos anos depois do final da guerra. Num dos melhores filmes de toda a sua obra, inspirado na vida de um tio seu, este pequeno conjunto de personagens irá oferecer um olhar humano e fulminante sobre os fantasmas, as divisões, a violência e a autodestruição de uma sociedade que tenta conviver com um passado irreconciliável com a própria vida. Uma obra determinante do cinema europeu do pós-guerra e da carreira de Fassbinder.
Prémios do Cinema Alemão – Melhor Filme | Melhor Actriz (Irm Hermann) | Melhor Actor (Hans Hirschmüller)
AS LÁGRIMAS AMARGAS DE PETRA VON KANT
Die bitteren Tranen der Petra von Kant
de Rainer Werner Fassbinder
com Margit Carstensen, Hanna Schygulla, Irm Hermann, Eva Mattes
RFA, 1972 – 2h04 | M/16
Um exercício brilhante sobre a dinâmica do poder e da submissão nas relações e uma das tentativas mais bem-sucedidas de Fassbinder de apresentar uma peça de teatro, também da sua autoria, no cinema. A história gira em torno de Petra von Kant (Margit Carstensen), uma estilista de sucesso que vive fechada no seu apartamento com a sua assistente Marlene (Irm Hermann). Entre as suas criações e as suas memórias, Petra isolou-se no seu mundo. Karin Thimm (Hanna Schygulla) é o elemento que falta para a relação claustrofóbica que se vai desenvolver entre as três mulheres. Karin é apresentada por uma amiga a Petra, que se deixa imediatamente fascinar por ela…
Festival de Berlim – Selecção Oficial em Competição
Prémios do Cinema Alemão – Melhor Actriz (Margit Carstensen)| Melhor Actriz Secundária (Eva Mattes) | Melhor Fotografia (Michael Balhaus)
O MEDO COME A ALMA
Angst essen Seele Auf
de Rainer Werner Fassbinder
com Brigitte Mira, El Hedi ben Salem, Barbara Valentin, Irm Hermann
RFA, 1973 – 1h33 | M/12
A descoberta da obra de Sirk foi crucial para Fassbinder, que aqui se serve de All that Heaven Allows, transpondo-o para a Alemanha dos anos 70, radicalizando a diferença de idade entre os dois amantes pelas diferenças culturais e raciais. Mas Fassbinder não se limitou a transpor a história do filme de Sirk para a Alemanha do seu tempo, pois, como disse: “não se é forçado a refazer alguma coisa simplesmente porque ela nos pareceu bela. É preciso tentar contar uma história pessoal, apoiando-se na impressão causada pelo filme”.
Festival de Cannes – Selecção Oficial em Competição | Prémios FIPRESCI e Júri Ecuménico
Chicago International Film Festival – Melhor Filme
EFFI BRIEST – AMOR E PRECONCEITO
Fontane Effi Briest
de Rainer Werner Fassbinder
com Hanna Schygulla, Wolfgang Schenck, Ulli Lommel
RFA, 1974 -2h20 | M/12
Um dos projectos mais acarinhados de Fassbinder, esta adaptação do romance de Theodor Fontane, na qual trabalhou vários anos, foi o seu maior êxito de público na Alemanha. Tem um longo subtítulo: “Ou os muitos que fazem uma ideia das suas possibilidades e necessidades, porém, aceitam através das suas acções a ordem dominante, ajudando, dessa forma, a sustentá-la e a fortalecê-la”. É um dos seus filmes mais complexos, do ponto de vista formal, com um trabalho peculiar sobre a língua alemã.
Festival de Berlim – Selecção Oficial em Competição
MAMÃ KÜSTERS VAI PARA O CÉU
Mütter Küsters fahrt zum Himmel
de Rainer Werner Fassbinder
com Brigitte Mira, Ingrid Caven, Margit Carstensen, Irm Hermann
RFA, 1975 – 1h53 | M/12
Emma Küsters vive em Frankfurt, é casada e mãe de dois filhos. Quando recebem a notícia de que o senhor Küsters terá assassinado o director da fábrica onde trabalhava, suicidando-se de seguida, a vida familiar é devassada pela polícia e pelos jornalistas que querem escrever a sua versão dos factos. Sentindo-se abandonada pela família vai encontrar no casal Marianne e Karl Tillmann os ouvidos atentos de que precisa. Mas afinal, também eles querem explorar, de outra forma, o seu caso…
ROLETA CHINESA
Chinesisches Roulette
de Rainer Werner Fassbinder
com Margit Carstensen, Anna Karina, Ulli Lomel, Macha Méril
RFA, França, 1976 – 1h25 | M/12
Roleta Chinesa é um “jogo em espaço fechado”: um casal vai passar um fim-de-semana numa casa de campo, separadamente, cada um com o seu (a sua) amante e têm a surpresa de se encontrar frente a frente. A filha do casal, que organizara esta maquinação, põe em movimento um cruel “jogo da verdade” durante aqueles dias. O ambiente é ameaçador, e há um enigma por desvendar.
O CASAMENTO DE MARIA BRAUN
Die Ehe der Maria Braun
de Rainer Werner Fassbinder
com Hanna Schygulla, Klaus Löwitsch, Gisela Uhlen, Ivan Desny
RFA, 1979 – 2h | M/16
Segunda Guerra Mundial. Maria casa-se apressadamente com Hermann Braun, um soldado alemão. Desaparecido em combate, Maria recusa-se a acreditar na sua morte. E a sua história de luta pela sobrevivência tem como pano de fundo os anos de guerra até ao milagre económico que se lhe seguiu. É uma das obras-primas de Fassbinder e inclui várias metáforas cinematográficas sobre a questão da identidade e as experiências do pós-guerra alemão.
Festival de Berlim – Selecção Oficial em Competição | Urso de Prata, Melhor Actriz (Hanna Schygulla)
Golden Globes – Melhor Filme
Prémios do Cinema Alemão – Melhor Realização | Melhor Actriz (Hanna Schygulla)
Melhor Actriz Secundária (Gisela Uhlen)
Rainer Werner Fassbinder – A Fúria de Viver | Teatro Campo Alegre

Data

11 - 26 Out 2022
Desde

Hora

21:30

Localização

Teatro Campo Alegre
Rua das Estrelas, 4150-762 Porto
Website
https://agendaculturalporto.org/agenda-teatro-do-campo-alegre/
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