
Que medo é este? De onde vem e para onde vai
Esta quinta-feira, 29 de junho, Eduardo Sá, Rui Zink e Sónia Tavares debatem, no Coliseu Porto Ageas, “Que medo é este? De onde vem e para onde vai”. Partindo dos diferentes medos – da leve ansiedade à fobia -, das formas como o medo opera e de como nos podemos servir dele, nesta conversa será feito o raio-x a esta emoção primária que desempenha um papel crucial na sobrevivência de todos os animais. E que, no ser humano, tem o poder de influenciar decisões, crenças e até de definir o presente e o futuro da sociedade.
O debate insere-se no novo projeto “Mantras Coliseu”, que em cada mês aborda uma temática diferente. O mês de junho tem como tema o binómio Medo>Chão.
O dicionário define medo como “estado emocional resultante da consciência de perigo ou de ameaça, reais, hipotéticos ou imaginários”. Se as origens evolutivas do medo têm implicações na sociedade de cada época, a forma como cada cultura lida com o medo é muito particular. Numa altura em que há mais abertura para discutir a saúde mental, convidamos todas as pessoas a virem pensar ao Coliseu sobre como é que o medo se processa, como é que nos servimos dele de forma racional e onde é que podemos ir buscar o nosso chão, seja às relações mais próximas, às terapias, até às artes.
O painel será constituído por Eduardo Sá, reconhecido psicólogo clínico e psicanalista, Rui Zink, escritor e professor universitário, e por Sónia Tavares, coautora e vocalista da banda The Gift e uma das vozes do projeto musical Amália Hoje.
Na conversa, que terá um momento aberto para perguntas do público, os três convidados mergulham na natureza complexa do medo, explorando as suas múltiplas dimensões, o seu impacto e algumas estratégias para superar os seus efeitos.
“Tenho a pretensão de imaginar que compuseram a canção ‘Medo’, da Amália Rodrigues, para mim”, explica Sónia Tavares. “Pedi ao meu colega de banda Nuno Gonçalves que fizesse um arranjo só de cordas para eu poder cantar, só não sabia que essa canção seria o ‘Medo’ e que seria a Dona Amália gentilmente a emprestar-ma” nos Amália Hoje, conta. O projeto musical presta homenagem a Amália Rodrigues, que, curiosamente, admitiu que sempre teve medo de pisar o palco.
Com a sua vasta experiência científica nas áreas da Psicologia, da Psicanálise e da Psicossomática, Eduardo Sá aborda habitualmente o tema do medo aplicado à educação parental. Alguns dos seus programas na imprensa têm como título “O que fazer quando as crianças têm medo?” ou “Estamos a deixar os mais novos com medo do futuro”.
Já Rui Zink imaginou, em 2012, um mundo onde um instalador nos entra em casa para instalar o medo, como se instala uma box de TV, mas sem que tenhamos feito a subscrição do serviço. “Ao infantilizar-nos, minha senhora, o medo não nos diminui, antes nos eleva. O medo devolve-nos a infância do mundo”, escreveu o escritor e professor universitário.
“Que medo é este? De onde vem e para onde vai” será moderado por Inês Cardoso, diretora do Jornal de Notícias, e acontece no Salão Jardim do Coliseu.
Biografias:
Eduardo Sá
Eduardo Sá nasceu em Leiria em 1962. Psicólogo clínico e psicanalista, professor da Universidade de Coimbra e do ISPA. É autor de artigos e de livros científicos na área da psicanálise e da psicossomática, e de livros de divulgação no âmbito da saúde familiar e da educação parental.
Em 2022, o livro O Meu Pai é Meu! marca a sua primeira incursão na literatura infantil, e tem sido sucessivamente reeditado. Depois de anos a colaborar na Antena 1, e de ter feito com Fátima Lopes o programa Amor em Tempo de Crise, na TVI24, passou a colaborar regularmente com o jornal Observador, e com a Rádio Observador, onde tem o programa Porque Sim Não é Resposta, onde se incluem episódios como “O que fazer quando as crianças têm medo?” ou “Estamos a deixar os mais novos com medo do futuro”.
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Rui Zink
Rui Zink nasceu em Lisboa em 1961. Além de escritor e professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, é membro fundador dos Felizes da Fé e da ACA-M. Autor de uma obra diversificada, do romance à banda desenhada, passando pelo ensaio ou literatura infantil, publicou títulos como Hotel Lusitano (1986), Apocalipse Nau (1996), O Suplente (2000), O Anibaleitor (2011), A Instalação do Medo (2012), Manual do Bom Fascista (2019) e O avô tem uma borracha na cabeça (2020), entre muitos outros.
A sua obra está traduzida em várias línguas, como inglês, alemão, romeno, hebraico ou bengali, e já foi distinguida dentro e fora de Portugal, destacando-se o Prémio P.E.N. Clube Português de Novelística, pelo romance Dádiva Divina, em 2004, ou o Prémio Utopiales para melhor romance estrangeiro, com a edição francesa de A Instalação do Medo, em 2017.
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Sónia Tavares
Sónia Tavares nasceu em 1977, na Nazaré, e cresceu em Alcobaça.
Em 1994 faz parte da fundação da banda Indie/Pop The Gift, que celebra 30 anos, em 2024. Nestas três décadas, a banda foi agraciada com inúmeros prémios (Globo de Ouro, ILGA, MTV), tendo os seus discos arrecadado o estatuto de platina e ouro.
Com concertos pelos quatro cantos do mundo, em 2017 colaboram com o produtor Brian Eno (Coldplay, U2, David Bowie), nos discos Altar e Verão.
Integra o projeto Amália Hoje (tributo Pop a Amália) em 2008 e abraça uma carreira na Televisão como jurada nos programas Fator X e A Máscara na SIC. Encontra-se, atualmente, em digressão para promover o seu novo disco, Coral.
Vive em Alcobaça com o marido e com o filho.
Que medo é este? De onde vem e para onde vai