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OF ANGELS AND DEVILS MÚSICA FRANCESA PARA VIOLA SOB LUÍS XIV E LUÍS X - ALFÂNDEGA

OF ANGELS AND DEVILS: MÚSICA FRANCESA PARA VIOLA SOB LUÍS XIV E LUÍS X – ALFÂNDEGA

“…pode dizer-se que ninguém ultrapassou Marais, apenas um homem o igualou, o famoso Forqueray” (de uma crónica de L.C.Daquine de 1744).

Olhando para os três séculos de repertório para viola da gamba, desde cerca de 1550 até finais de 1700, Marin Marais e Antoine Forqueray representam, sem dúvida, duas imensas figuras gigantes de peso capital: foram as duas “estrelas da viola” do magnífico contexto da Corte Francesa no tempo de Luís XIV e Luís XV, entre finais do século XVII e as primeiras décadas do século XVIII, quando o Reino de França estava no Zénite da sua magnificência e poder. Nesta altura, a corte tinha-se mudado para o Palácio de Versalhes, onde funcionava uma espécie de mundo aristocrático paralelo, alimentado diariamente por actividades culturais e de lazer como o desporto, a dança e a música. O extremo requinte da corte necessitava de uma “música” igualmente sofisticada e representativa, fornecida por músicos como Lully, Couperin, de Lalande, De Viseé e, claro, Marais e Forqueray.

As suas formas de tocar foram descritar ao longo do tempo, Marais como um anjo e Forqueray como um demónio…

Esta imagem simples e colorida acompanha muitas vezes os concertos onde a sua música é tocada, e é claro que não passa de uma simplificação rudimentar que não pode corresponder à complexidade das suas personalidades artísticas e humanas.

Compositor muito prolífico, durante a sua vida Marais publicou mais de 600 composições para a viola distribuídas em cinco livros  “Piéces de Viole”, enquanto Forqueray nunca publicou uma única nota, e as cinco suites que chegaram até nós foram publicadas após a sua morte, pelo seu filho Jean-Baptiste. Este facto, bem como o conteúdo dos seus livros, fala-nos de uma atitude muito diferente em relação ao mundo em que viviam: Marais com o objetivo claro de encorajar o número sempre crescente de violistas amadores, na sua maioria pertencentes à aristocracia e muitas vezes de excelente nível, a tocar a sua música, enchendo as partituras de indicações didácticas, enquanto Forqueray desempenha o papel de “enfant terrible”, muitas vezes extravagante nas suas actuações, na maior parte das vezes improvisadas, era extremamente ciumento das suas capacidades, não queria ensinar e era mesmo capaz de acções verdadeiramente diabólicas, como conseguir, com falsas acusações, enviar o seu próprio filho (e único aluno de violino) para a prisão e para o exílio, temendo que ele pudesse – graças às suas extraordinárias capacidades no violino – substituir o pai como violista da corte.

Marais está representado neste programa com duas das suas obras-primas: os Couplets de Folies, variações sobre o tema popular “Folia”, e o Tombeau pour Mr. de Meliton para dois violinos.

Os “Couplets de Folies”, explorando em toda a sua extraordinária riqueza e contrastes as possibilidades da viola, foram publicados apenas um ano após os de Corelli para violino, quase como uma resposta oficial do mundo musical estabelecido francês à crescente e inexorável expansão da música italiana por toda a Europa.

O “Tombeau pour Mr. de Meliton”, aparecido no primeiro livro de Marais em 1686, como homenagem e epitáfio musical à morte de um nobre amante da música e tocador de viola, é um ponto alto da meditação musical sobre o mistério da morte. As duas violas, numa interação íntima e cúmplice, retratam a dor, o desespero, a passagem para o submundo, bem como a esperança de uma ascensão ao Céu.

Forqueray está representado com dois conjuntos de peças suas: um da sua suite em dó menor, e outro escolhido entre as suas suites em ré maior e em ré menor. Alguns dos títulos sugerem retratos musicais de artistas contemporâneos ou de personalidades notáveis; assim, temos no conjunto em Dó menor La Rameau, dedicada ao grande compositor de ópera, La Guignon, a um impressionante virtuoso do violino contemporâneo, La Lèon, uma sarabanda terna onde o nosso “diabo” mostra uma inesperada alma extremamente terna, terminando com La Jupiter, descrevendo a grandeza do Deus Olimpo mesmo num momento de fúria que inclui trovões e relâmpagos…!

O conjunto Ré maior/menor apresenta La Régente, homenagem ao Duc D’Orléans que foi regente do trono quando Luís XV era ainda criança, grande amante da música e mecenas, La Portugaise, onde um tempo triplo flui ao longo da peça com um movimento de dança intenso e sensual evocando seduções exóticas, La Du Vaucel, onde, mais uma vez, a suposta “alma diabólica” dos nossos compositores se transfigura completamente e se mostra capaz da mais doce das canções de embalar, terminando com La Ferrand, onde a repetição obstinada de um padrão melódico/rítmico constrói uma arquitetura extraordinariamente poderosa que nos faz imaginar a forte impressão que ficava nos ouvintes após as actuações de Forquerays na corte.

A viola da gamba continuará a sua trajetória pela Europa, que terminará por volta dos últimos anos do século XVIII na Alemanha e Inglaterra, mas Marais e Forqueray serão recordados como exemplos inigualáveis de excelência instrumental e artística e continuam a ser os modelos dos “violeiros perfeitos” para os nossos amantes contemporâneos da música antiga.

P.P.

 

PROMOTOR

 

Associação Cultural Inovarte

 

FICHA ARTÍSTICA

 

Paolo Pandolfo, viola da gamba

Joan Boronat Sanz, cravo

Thomas Boysen, teorba / guitarra barroca

Amélie Chemin, viola baixo

 

PROGRAMA / CARTAZ

 

J.H. d’Anglebert (1629 – 1691)

Prélude non mesuré for harpsichord solo

 

M.Marais (1656 -1 728)

Prélude, Couples des Folies d’Espagne

 

Antoine Forqueray (1672 – 1745)

Suíte em Dó menor

 

(intervalo)

 

R. De Visé (1650 – 1725)

Prélude for the Theorbo

 

M.Marais (1656 – 1728)

Tombeau pour Mr. de Méliton

 

Antoine et J.Baptiste Forqueray (1699 – 1782)

Suíte em Ré

 

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

 

Organização: Associação Cultural Inovarte

Com o Alto Patrocínio: Alto Patrocínio de Sua Excelência, O Presidente da República

Financiamento/Apoio: República Portuguesa Cultura / Direção-Geral das Artes; CM Porto

Mecenas/Patrocinador: The Consortium Team

Parceiros/Apoios: Museu e Bibliotecas do Porto; CM Matosinhos; APDL; ESMAE-IPP; OCA BOM Sucesso Hotel; Taylor’s Port; Galeria da Biodiversidade; IPDJ; CIIMAR; Douro Acima; Lusitânia; Sorrisos d’arte; Sabores & Açores; Yoga sobre o Porto; Escola de Música Guilhermina Suggia; Festival À Corda

Parceiro media: RTP / Antena 2

 

Informam-se os adquirentes de bilhetes com desconto que se procederá a uma verificação da qualidade de estudante/maior de 65 anos à entrada dos espetáculos.

 

PREÇOS

 

 

DESCONTOS

 

  • Estudantes
  • Maiores de 65 anos

OF ANGELS AND DEVILS: MÚSICA FRANCESA PARA VIOLA SOB LUÍS XIV E LUÍS X – ALFÂNDEGA

Data

26 Mai 2024

Hora

21:00
Alfândega do Porto

Localização

Alfândega do Porto
R. Nova da Alfândega, 4050-430 Porto
Website
https://agendaculturalporto.org/agenda-alfandega-do-porto/
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