O Lado Esquerdo – Coliseu do Porto
António afirma, sem hesitação, ser o homem que melhor conhece o lado esquerdo de Isabel, demonstrando minúcia na análise. Isabel responde a António. Fala-lhe das muitas vivências, do corpo vivo e jovial, dos sinais, dos sonhos que tinha para ele, para esse corpo moreno e sinuoso; da mãe que descobriu ser, sem imaginar que não encontraria nunca essa criança desejada. Fala-lhe da imortalidade dos 20 anos, do futuro tão próximo, da força inexplicável que tudo faz acontecer, mesmo sem fé. Fala do amor, da traição, do bem e do mal, da família, da saúde mental, da eternidade. E sempre que a realidade a confronta com um assalto violento; com peixes de plástico no oceano; com a morte súbita de uma criança; com a violação de um corpo inocente, pensa nos automóveis ecológicos; nas dunas sobreviventes da erosão; em todos os lugares onde ainda se faz amor. Um amor que acontece por cada acto desprezível da humanidade. Essa constelação de sinais no ombro esquerdo de Isabel tem significado. E António reparou. Abriu caminho a desvendar o mundo que a rodeia, que a envolve, que a engole e surpreende, a todas as mulheres que, em si, realizam sonhos mas também às que, ao mesmo tempo, temem, não voltam atrás, não acreditam nem se espantam. Isabel nomeia cada uma que em si sente, em si decide, grita ou sorri.
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Texto: Marta Duque Vaz
Interpretação: Sonja Valentina
Encenação, Dramaturgia e Adaptação: Daniel Freitas
Voz Off: Pedro Ramalho
Figurinos e Cenografia: Paulo Alvarez Veloso
Desenho de Luz: Alexandre Braga
Banda Sonora: Pedro Cecílio
Produção executiva: Sonja Valentina
Duração prevista: 50 minutos (aproximadamente)
O Lado Esquerdo – Coliseu do Porto