MANUEL ANTÓNIO PINA E O CINEMA: O Atalante (1934)
MANUEL ANTÓNIO PINA E O CINEMA: O Atalante (1934)
Apresentação por António M. Costa
O Atalante
Jean Vigo
França (1934), 1h28min
Quando Juliette (Dita Parlo) se casa com o aventureiro Jean (Jean Dasté) ela vai viver em seu navio. À bordo dele está também o capitão Père Jules, um sujeito um tanto quanto bizarro. Juliette logo se entedia com a vida ao mar, e escapa para conhecer a vida noturna de Paris, o que deixa Jean furioso. Ele então vai embora, deixando-a para trás. Só que logo Jean se entristece com a falta da esposa, e Père Jules vai tentar achar Juliette para trazê-la de volta.
Até onde me é dado saber isso, estou seguro de que o que escrevo há-de certamente ter (…) influências do cinema. Não só porque vejo muito cinema mas porque sou feito, mesmo se contrafeito, também de algum do cinema que vi (e se calhar até de todo o cinema que vi…) e porque julgo que escrevo justamente com essa matéria, a matéria de que sou feito. […] Algumas das mais fundas experiências minhas (algumas das assim chamadas minhas “circunstâncias”) aconteceram em salas de cinema.
Manuel António Pina
Apesar de apenas ter escrito dois poemas “inspirados” em filmes, parafraseando Pessoa, a poesia de Pina “pensa e sente por imagens”. O olhar e os reflexos, a luz e a sombra, a memória, o movimento, a montagem criam uma espécie de “consanguinidade e familiaridade” da sua poesia com o cinema. E depois há as crónicas, magníficas, onde Pina muitas vezes falava dos filmes de que, citando Borges, “era feito”.