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E finalmente, pelas 23:00h da noite de domingo, o antídoto para a miserável meteorologia do passado fim-de-semana: os belgas SX apresentaram no Hard Club (com corteses desculpas pelo cancelamento de uma data anterior) o álbum de 2019 ‘Eros’, pela organização certeira d’ Os Suspeitos.
Parece razoável considerar que o tempo que entretanto passou terá jogado a favor do público presente: a vocalista Stefanie Callebaut está diferente do que se vê em vídeos, mais ou menos recentes, pelo YouTube fora. Adquiriu poder.
As canções dos SX não são filigranas. Os espaços estão preenchidos por linhas de baixo e sintetizadores muito vincados, repetitivos q.b.; com mais ou menos subtis chamadas de atenção a tonalidades da África e da Ásia (não, não vamos falar de apropriação cultural, desculpai), sem nunca nos fazer esquecer da ‘mitteleuropa’ de onde vêm. Um excelente baterista/percussionista fez o resto – e não é pouco. No domingo, ouvimos uma banda na circunstância de quem confia no que está a entregar ao público. E bem: o público a cada canção agradecia mais, e mais dançou. Por estes dias, ‘infeccioso’ pode não ser a palavra mais inócua a usar, mas aqui a deixamos, porque sim, e porque não?
Stefanie Callebaut pode, de facto, vir a ser um caso sério. Aquele vozeirão (pardon my belgian) derrama lava e gelo, tantas vezes na mesma frase duma canção de um feliz cruzamento entre o ‘My Life In The Bush Of Ghosts’ e os primeiros The Knife e os Shangaan Electro. E a dança, sim, a dança… convinha mesmo ver in loco.
Na primeira parte, os portugueses Junno mostraram canções de genealogia dream-pop, e provaram conhecer as armadilhas do género para delas escaparem. Como? Com canções cheias de arestas ocultas.
E lá fora, quando saímos, por algum tempo não choveu.
Texto: André Guerra
Fotografia: Mariana Borges
