YOKO ONO | O JARDIM DA APRENDIZAGEM DA LIBERDADE
YOKO ONO | O JARDIM DA APRENDIZAGEM DA LIBERDADE é uma vasta exposição dedicada ao trabalho da icónica artista Yoko Ono, que reúne objetos, obras em papel, instalações, performances, gravações em áudio e filmes, além de materiais de arquivo raramente vistos. A mostra apresenta um abrangente panorama da multifacetada produção desta artista pioneira da arte conceptual e da performance que durante os primeiros anos de sua extensa carreira viveu entre Nova Iorque, Tóquio e Londres, tendo tido um papel precursor no desenvolvimento do conceptualismo, da arte performativa e do filme experimental a nível internacional. Ideias, mais do que materiais, são a principal componente do seu trabalho. Muitas dessas ideias são poéticas, absurdas e utópicas, enquanto outras são específicas e práticas. Algumas são transformadas em objetos, enquanto outras permanecem imateriais. Frequentemente, a obra reflete o sentido de humor da artista, bem como sua postura marcadamente sociocrítica. O ponto de partida para muitos dos trabalhos de Yoko Ono encontra-se nas suas Instructions [Instruções]: diretrizes orais ou escritas para os espectadores, que oferecem um conjunto de sugestões e atribuem ao público um papel muito mais ativo do que é geralmente esperado no mundo da arte.
Primeiras obras
Entre o fim da década de 1950 e 1960, Yoko realiza obras de cunho conceitual que oscilam entre a introspecção poética e sátira provocadora. Entre elas destacam-se: Painting To See The Skies (“Pintando para ver os céus”), de 1961, uma folha que contém sucintas instruções em japonês de como transformar uma tela convencional em uma espécie de óculos para observação do céu; uma apresentação no Carnegie Recital Hall, onde utilizou microfones para registrar o ruído de descargas de autoclismos(PT) ou privadas(BR) (performance repudiada pelos críticos de arte de então); “Lightining Piece”, de 1955, performance na qual convida os espectadores a observarem a consumação de um palito de fósforo pelo fogo. Este último um esboço do interesse que mais tarde terá em produzir obras e performances que instiguem o observador a se relacionar esteticamente com fenômenos corriqueiros e banalizados pela rotina — uma rejeição do que a vanguarda Fluxus chamava de arte europeizada e ao mesmo tempo uma tentativa de integrar a arte à vida cotidiana, no entanto sem a conotação de artesanato/utilitaridade.
Em 1961, após desentendimento com seu marido, Toshi, retorna ao Japão. A má repercussão de seus trabalhos e a crise conjugal acabam por lhe causar um estado de profunda depressão. Pouco tempo depois, ela é internada. É removida do hospital quando seu amigo Anthony Cox denuncia que ela estaria recebendo doses anormais de medicamentos. Uma relação amorosa entre os dois culmina na separação de Yoko e Toshi e no seu casamento com Cox, com quem veio a ter uma filha, Kyoko Chan Cox, em 1963. Ainda em 1963, o casal se separa, e Yoko retorna aos Estados Unidos.