Romagem de Saudade

Esta exposição visa homenagear os pescadores que pereceram no mar, assim como as suas famílias. A mostra centra-se nas memórias vivenciais, documentais e nas materialidades alusivas ao Naufrágio de 1947.
Para além de acervo da Câmara de Matosinhos, diversas entidades, como a Faculdade de Belas-artes do Porto, o NAPESMATE – Núcleo de Amigos dos Pescadores de Matosinhos, a APAM – Associação dos Pescadores Aposentados de Matosinhos, ou o Rancho dos Pescadores de Matosinhos, colaboraram ativamente neste projeto, através da cedência de inúmeros objetos e documentos, na sua maioria exibidos pela primeira vez.
Em terra a tragédia do desespero das mulheres, sem notícias dos maridos e filhos, as preces rezadas e os gritos de aflição tornavam a noite ainda mais tenebrosa. Esta tragédia impressionou o pintor matosinhense Augusto Gomes que, em várias das suas obras, retratou a dor e o desespero dessas mulheres, impotentes perante a fúria do mar.
Outra obra icónica do artista matosinhense relacionada com o Naufrágio de 1947 é a imponente e perturbante tela “Sem Título”, mais conhecida por “A Família”. Augusto Gomes homenageou as vítimas e seus familiares, aparentemente a pedido da Junta de Matosinhos. O quadro esteve durante vários anos na antiga Lota de Matosinhos, com uma caixa de esmolas a seu lado. O óleo de grandes dimensões, em tons cinza, retrata uma família de pescadores em desespero. A composição triangular em primeiro plano sobre o vazio que envolve as figuras reforça a carga dramática de todo o quadro. Pai, mãe e filhos são representados encarnando e sacralizando uma dor universal.
João Martins da Costa, pintor natural de Coimbra, um ano após este triste episódio apresenta como obra final de curso nas Belas Artes do Porto a tela “O Mar Sagrado – Tragédia marítima de 2 de Dezembro”. O tema está imbuído de um simbolismo dramático, seguindo as representações de carácter religioso das “Lamentações sobre o Cristo Morto” (também designadas por Pietá), mas com as figuras das famílias dos pescadores ocupando o lugar das personagens sagradas.
Para além de obras de arte, a mostra integra ainda maquetes das 4 traineiras naufragadas, assim como uma panóplia de objetos que revelam o quotidiano e a religiosidade dos pescadores da época, cédulas marítimas e jornais da época.

Esta mostra ficará patente até 19 de março de 2023.
Horário: segunda a sexta feira, das 10h às 13h e das 15h às 18h. Sábados, domingos: das 15h às 18h.