
RESIDENCIAL PORTA-JAZZ – JOANA RAQUEL “A PRIMAVERA NÃO EXISTE”
RESIDENCIAL PORTA-JAZZ – JOANA RAQUEL “A PRIMAVERA NÃO EXISTE”
ESPAÇO PORTA-JAZZ
00
As mãos da minha avó.
Macias e engelhadas como algodão.
01
Não sabia quem eram as sombras acima da luz. Nem a forma do corpo na cabeça do cão.
E gostava como cada uma era a contraforma de um poema.
02
Quantas toneladas rasguei
Convicções, listas de compras, talões multibanco, mágoas.
talões talões talões
03
Quero ser como o Herberto, ter 80 anos onde sair com o pescoço encordado em sangue.
E ser descuidada como as crianças.
04
Tive um sonho líquido! Nunca consegui levantar um carro. Lúcido!
Existiam outros e eu estava atrasada: e se isto fosse tudo um sonho?
Quando alguém desapareceu, eu percebi. Acordei felizna.
05
O sossego traz um cheiro entre os dedos.
Cheiro a calma nas mãos.
06
Hoje continuo-me ontem. Trago a falta de noção.
07
Flores para dentro
Colho os figos com a mão direita.
Uma fruta implode.
Joana Raquel e Diana Gil
Joana Raquel Voz, textos
Diana Gil Visuais, textos
Gonçalo Ribeiro Percussões
João Fragoso Contrabaixo
Rafael Santos Guitarra, clarinete e electrónicas
Praça da República 156, 4000-291 Porto
5€ / 3€ Membros (doação sugerida)