Pedome · exposição Mariana Baldaia
Pedome é uma exposição com trabalhos que Mariana Baldaia criou em tempos de pandemia aliada à maternidade. Como trabalhar em casa com três crianças pequenas e um mundo congelado de acontecimentos?
Esta série tem como base manchas de cor criadas pelas crianças. Tanto podem ser formas geométricas derivadas da aprendizagem do Baltasar (filho mais velho), como podem ser pinceladas livres dos irmãos que também querem participar nas actividades. Reaproveitando estas manchas, dá-se o fenómeno pareidolia – interpretação de formas em imagens concretas, como manchas na madeira, nuvens, etc..
O trabalho de Mariana tem tido influências do mundo imaginário de Mário Botas ou Armanda Passos, onde a figura humana e o animal se misturam, originando novas criaturas. Há uma busca constante em procurar o desenho incompleto não deixando por isso de ser possível entender o desenho como um todo. Há torções e desproporções de forma a reflectir angústias e crises existenciais que a maternidade, a decadência dos pais, a perda prematura de amigos, as responsabilidades de quem ontem ainda era uma criança e tudo parecia tangível e fácil. Há também uma mão que não levanta e procura a espontaneidade da linha contínua, uma dança entre mão e papel, um exercício, um jogo quem vem dos tempos de estudante onde se ocupava o tempo desenhando uma linha deixando que o próximo a interpretasse à sua maneira, criando desta forma uma nova ideia, um novo desenho.
Pedome é também uma freguesia Portuguesa onde nos isolámos num verão pandémico e de onde saíram os primeiros cadernos de desenho onde culminaram estes desenhos que começaram por servir a exploração das crianças sobre pincéis, aguarelas e a tal pareidolia que me acompanhou nas noites silenciosas de Pedome, onde por cima das rescaldadas, aconteciam os meus personagens.