
PARA ATRAVESSAR CONTIGO O DESERTO DO MUNDO
A amizade de Sophia e Jorge de Sena é bem conhecida, até pelas cartas publicadas. Juntos, em separado, atravessaram o deserto de um país em ditadura. Sena exilou-se, Sophia ficou. Desse afastamento físico resulta a literatura epistolar da sua correspondência.
Muito além da directa, há uma profunda correspondência de propósitos. A luta pela liberdade, pela acção, pela palavra. A Sophia é doce, mas não perdoa. Exige a verdade por inteiro para não habitar meio quarto. O Sena é duro e não perdoa. Lembra-nos os que foram estripados, esfolados, queimados, gaseados, e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido.
Juntos, colocam-nos num lugar onde somos chamados a decidir, a questionar. Um lugar onde a indiferença se mostra imperdoável.
Para atravessar contigo o deserto do mundo é um exercício de intertexto. Intertexto entre dois poetas, entre dois actores, intertexto de afectos e uma luta comum, entre o mundo que temos e o que queremos.
Uma pequenina luz bruxuleante e muda
como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Apenas como elas.
Mas brilha.
Não na distância. Aqui
no meio de nós.
Brilha
direcção: Pedro Lamares
criação, dramaturgia e interpretação: Lúcia Moniz e Pedro Lamares
direção técnica e desenho de luz: Joaquim Madaíl
produção: Maria Miguel Coelho
difusão e agendamento: Companhia Nacional de Espectáculos
Um projecto Casca de Noz
Apoio na residência à criação: Município da Sertã; Convento da Sertã Hotel
Apoio: Herdade da Malhadinha Nova
PARA ATRAVESSAR CONTIGO O DESERTO DO MUNDO – Armazém 22