Os Irmãos Karamázov
Nos últimos anos, a obra de Dostoiévski tem assombrado o teatro de Sylvain Creuzevault, que a ela regressa para escalar a montanha literária de Os Irmãos Karamázov, a sua obra-prima final. Qual dos quatro filhos matou o patriarca Karamázov? Narrativa da implosão de uma família, cuja escrita não cessa de contradizer o que afirma, é a história do combate entre a verdade e a mentira, a religião e o Estado, o bem e o mal. Ninguém é inocente, a culpa dissemina-se. “Se Deus está morto, tudo é permitido”, lê-se num dos tags do cenário, como uma máxima. Sylvain Creuzevault inspirou-se em Genet, que via o romance do mestre russo como “uma farsa”. Do “jogo de massacre” que descostura o decoro da tragédia “nada mais resta do que farrapos; e a diversão começa”. O encenador francês faz do humor farsesco que circula em Os Irmãos Karamázov o fio que descose a ação e as personagens, revelando-as afinal como sintoma do seu tempo, um espelho do nosso.
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Os Irmãos Karamázov – Teatro Nacional São João