O burguês fidalgo no Teatro Carlos Alberto
O burguês fidalgo no Teatro Carlos Alberto
É um novo capítulo que se abre na já longa história do Teatro da Palmilha Dentada, mas talvez seja avisado moderar as expectativas. A companhia portuense faz aqui uma incursão inédita no repertório clássico, colocando pela primeira vez numa ficha artística o nome de um autor do cânone dramático ocidental. Mas, avisamos já, este Burguês Fidalgo não é “de” mas “a partir de” Molière, expediente que sinaliza uma origem e denuncia uma apropriação, isto se pensarmos no verbo “partir” na sua aceção de “fazer ou ficar em pedaços”. Ricardo Alves e a sua trupe revisitam este clássico de 1670, uma extravagante e colorida comédia-balé escrita em colaboração com o compositor Lully, misturando danças e canções. Território que nem sequer é virgem no percurso da Palmilha Dentada, basta pensar em A Cidade dos Que Partem (2009), também ela uma comédia de costumes travestida de musical, ou vice-versa. Retrato das ambições que tudo devoram e dos novos-ricos que tudo compram, O Burguês Fidalgo continua a falar de nós e das nossas cidades, em suma: das nossas fealdades. Assunto que tem séculos e séculos de atualidade e futuro.
a partir de Molière
dramaturgia e encenação Ricardo Alves
cenografia Sandra Neves figurinos Inês Mariana Moitas desenho de luz Cláudia Valente música Jean-Baptiste de Lully
interpretação Ivo Bastos, Rodrigo Santos, Joana Carvalho, Patrícia Queirós, Rui Oliveira, Tiago Araújo
coprodução Teatro da Palmilha Dentada, Teatro Nacional São João
O burguês fidalgo no Teatro Carlos Alberto