MANUEL ANTÓNIO PINA E O CINEMA: Pedro O Louco (1965)
MANUEL ANTÓNIO PINA E O CINEMA: Pedro O Louco (1965)
Apresentação por António M. Costa
Pedro O Louco
Jean-Luc Godard
França/Itália (1965), 1h45min
No dia em que Ferdinand perde o emprego reencontra Marianne, uma jovem que um dia amou. Cansado da sua existência, decide recomeçar a sua vida com ela. Mas a viagem romântica, depressa se torna numa trama de paixão, perseguição e violência.
Até onde me é dado saber isso, estou seguro de que o que escrevo há-de certamente ter (…) influências do cinema. Não só porque vejo muito cinema mas porque sou feito, mesmo se contrafeito, também de algum do cinema que vi (e se calhar até de todo o cinema que vi…) e porque julgo que escrevo justamente com essa matéria, a matéria de que sou feito. […] Algumas das mais fundas experiências minhas (algumas das assim chamadas minhas “circunstâncias”) aconteceram em salas de cinema.
Manuel António Pina
Apesar de apenas ter escrito dois poemas “inspirados” em filmes, parafraseando Pessoa, a poesia de Pina “pensa e sente por imagens”. O olhar e os reflexos, a luz e a sombra, a memória, o movimento, a montagem criam uma espécie de “consanguinidade e familiaridade” da sua poesia com o cinema. E depois há as crónicas, magníficas, onde Pina muitas vezes falava dos filmes de que, citando Borges, “era feito”.