
Livros em Diálogo na Cooperativa Árvore com Álvaro Vasconcelos e Kitty Furtado
«Abrir os Gomos do Tempo», de Kitty Furtado e Rosa Cabecinhas
& «Memórias em Tempos de Amnésia» (I), de Álvaro Vasconcelos
Com a iniciativa “Livros em Diálogo” a Árvore inicia uma série de conversas sobre o 50º aniversário do 25 de Abril.
De modos diferentes, “Memórias em Tempo de Amnésia”: uma campa em África de Álvaro Vasconcelos, e “Abrir os Gomos do Tempo”: conversas sobre cinema em Moçambique coordenado por Ana Cristina Pereira e Rosa Cabecinhas propõem-se contribuir para a nossa memória coletiva, sobre o passado recente de Portugal e de Moçambique.
Álvaro de Vasconcelos confidencia, logo nas Causas Primeiras, que o seu livro nasce de um dever de memória. A expressão ‘dever de memória’ remete-nos para Primo Levi, que escreveu para que não esquecêssemos o horror do holocausto nazi.
O autor pretende evitar que uma determinada camada da História portuguesa seja apagada, para que as gerações futuras não esqueçam, para que o fascismo não se reinstale, para que o racismo não seja ignorado e para que possamos sonhar com um mundo melhor.
O mesmo dever compeliu Ana Cristina Pereira e Rosa Cabecinhas a partilhar com um público alargado as memórias que lhes foram confidenciadas por muitos dos protagonistas do cinema moçambicano, desde os anos da luta pela Independência até aos dias de hoje, passando pelo momento áureo do pós-Independência, em Moçambique.
Estes livros são destinados essencialmente a quem gosta de ouvir contar histórias. São textos com um forte pendor cinematográfico, porque o cinema está sempre presente nas histórias que se vão contanto, mas sobretudo porque a forma como são reveladas as memórias que os habitam é também ela, muitas vezes, formulada através de imagens que têm movimento. Memórias em tempo de Amnésia tal como Abrir os Gomos do Tempo, são histórias que têm a beleza e a força das palavras daqueles que acreditam em novas possibilidades de vida.