
Leitura do Mangue
A inauguração da exposição está agendada para dia 6 de julho, às 19h00 e estará patente até 8 de outubro na sala de exposições da Escola das Artes da Universidade Católica no Porto. Poderá ser visitada de 3ª a 6ª feira, das 14h às 19h cumprindo todas as regras da DGS.
A exposição retrata a viagem das duas realizadoras até à Guiné-Bissau, que tinha como principal propósito ficar a conhecer as condições dos alunos nas escolas guerrilheiras dos manguezais. Em vez disso, as duas tornaram-se elas próprias nas alunas de uma das escolas e a exposição retrata as suas experiências e aprendizagens ao longo desse período. A abordagem para a exposição parte de uma investigação aprofundada sobre o sistema educacional militante desenvolvido pelo partido africano para a Independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde (PAIGC)durante o processo de libertação, uma luta armada que teve a duração de 11 anos(1963-74) contra a ocupação colonial portuguesa e um interesse recorrente no imaginário do tarafe – palavra crioula para mangue. O mangue é uma arquitetura natural aérea, onde a memória ainda flutua pelas suas redes de raízes e o sopro das marés oxigena um saber de resistência em condição de resistência para o saber. Aqui,entramos num imaginário do enredamento de várias dimensões convergentes: a epistemologia do rizoma, os conceitos de educação militante e política, os ensinamentos dos habitantes da comunidade Malafo, os arquivos nómadas e as noções agronómicas / botânicas da engenharia dos manguezais.
Sobre Filipa César:
O trabalho de Filipa César vai desde a realização de filmes, escrita e curadoria de montagens. A realizadora portuguesa interessa-se pelos aspectos ficcionais da montagem cinematográfica, as fronteiras porosas entre cinema e recepção e as economias, poéticas e políticas inerentes à práxis cinematográfica. A pesquisa de César sobre os imaginários do movimento de libertação da Guiné-Bissau, como laboratório de descolonização de epistemologias, começou em 2011 e desenvolveu-seem diversos projetos coletivos como a Luta ca caba inda e Mediateca Onshore. O seu trabalho foi apresentado internacionalmente em festivais de cinema, bienais e exposições.
Sobre Sónia Vaz Borges:
Sónia Vaz Borges é uma historiadora militante interdisciplinar e organizadora político-social. Recebeu o seu Ph.D em Filosofia pela Universidade Humboldt de Berlim. É autora do livro Militant Education, Liberation Struggle; Consciência: A educação do PAIGC na Guiné-Bissau 1963-1978, (Peter Lang, 2019). Atualmente é investigadora da Universidade Humboldt de Berlim. Como parte de seu trabalho académico, Vaz Borges está desenvolvendo uma proposta de livro focada em seu conceito de ‘arquivo ambulante’ e o processo de memória e imaginários.