
LA SCORTECATA – TEATRO CARLOS ALBERTO
O teatro de Emma Dante sempre foi poroso ao sortilégio da fábula. Em La Scortecata, a encenadora siciliana apropria-se de As Duas Velhas, um dos 50 contos narrados em cinco dias da coletânea de Giambattista Basile, O Conto dos Contos (1646), conhecida como Pentamerone (por associação ao Decameron de Boccaccio). Num palco vazio, duas cadeiras, uma porta e um castelo em miniatura bastam para que dois atores acendam um sonho. Eles encarnam Carolina e Rusinella, as solitárias irmãs quase centenárias que, para iludir o tempo, se encenam como as velhas da fábula. Um rei enamora-se da voz de uma delas, tomando-a por uma jovem, e o preço da ilusão torna-se, literalmente, um assunto de pele: vestir e despir a pele de uma personagem. A reescrita de Emma Dante do conto deste fabulista, modelar para os Grimm ou Charles Perrault, guarda a truculência do dialeto napolitano e evoca o teatro de feira e a commedia dellarte. Hilariante e cruel, La Scortecata emana em filigrana uma melancolia que nos fala do tempo que passa, do envelhecimento e da solidão.
FICHA ARTÍSTICA
adaptação livre de O Conto dos Contos, de Giambattista Basile
texto e encenação Emma Dante
cenografia e figurinos Emma Dante
desenho de luz Cristian Zucaro
assistência de encenação Manuel Capraro
assistência de produção Daniela Gusmano
interpretação Salvatore DOnofrio, Carmine Maringola
coprodução Festival di Spoleto 60, Teatro Biondo di Palermo (Itália)
em colaboração com Atto Unico/Compagnia Sud Costa Occidentale
coordenação e distribuição Aldo Miguel Grompone