Isadora Neves Marques | Há, de facto, um fim?
Há, de facto, um fim?
Isadora Neves Marques
Entre a escrita, o cinema e a prática artística, Isadora Neves Marques pensa criticamente matérias prementes do pensamento contemporâneo numa linguagem própria de (auto)ficção. A artista traça a sua malha de trabalhos ao articular questões de identidade de género, sexualidade e reprodução, com reflexões em torno da fluidez e maleabilidade do corpo, humano e não-humano, enquanto explora potencialidades e desassossegos da biotecnologia e partilha inquietudes que radicam da, cada vez mais acentuada, crise ecológica.
Neves Marques trabalha uma ficção científica especulativa cuja verosimilhança das hipóteses e concretude dos cenários urgentes que trata nos empurra para o real. Sublinhadas de tons políticos e exercícios sociológicos, as suas obras colocam em palco pontos cegos que a realidade falha em iluminar.
A colaboração da cineasta com a Curtas Metragens CRL materializou-se em dois projetos passados. Por um lado, o filme Semente exterminadora (2017), realizado por Neves Marques e produzido pela cooperativa da Curtas, que foi apresentado no Tate Modern, em Londres, no âmbito do programa “TABOO AND TOTEM”. Nos últimos anos, esta obra acabou por se desmultiplicar num conjunto de novas peças videográficas, sob o título YWY, que foram desenvolvidas a partir de materiais rodados para o filme. Por outro lado, Neves Marques integrou a exposição coletiva “Terra”, realizada em 2017 na Galeria Solar, com a obra Aprender a viver com o Inimigo. Esta peça acabou por intitular a exposição individual da artista, que, contando com outras novas produções de filme e vídeo, esteve patente no Museu Coleção Berardo em 2017.
Isadora Neves Marques colabora pela terceira vez com a Curtas Metragens CRL, culminando na sua primeira exposição individual no norte do país, “Há, de facto, um fim?”. Íntima e perspicaz, esta trama coloca em diálogo quatros obras da artista, duas das quais contam com a colaboração de HAUT, artista e compositore que ocupará o espaço Cave.
Isadora Neves Marques | Há, de facto, um fim?