Inauguração “A Ideia de Álvaro Siza – Piscina das Marés” de Mark Durden e João leal
No próximo sábado, 11 de fevereiro, pelas 16h, inaugura a exposição “A Ideia de Álvaro Siza – Piscina das Marés” de Mark Durden e João Leal.
“A Ideia de Álvaro Siza – Piscina das Marés” de Mark Durden e João leal
A arquitetura, em particular a arquitetura modernista mais tardia, sendo suscetível à decadência e à erosão, está fisicamente a mudar. As nossas fotografias da Piscina das Marés de Álvaro Siza foram feitas ao longo de cinco anos. Era importante que pudéssemos mostrar tanto o processo de restauração e alteração a que a obra foi sujeita nos últimos anos, quanto a relação entre os materiais utilizados e o magnífico cenário natural, em constante mudança, onde as estruturas se inserem. Temos desenvolvido trabalho em resposta à arquitetura de Siza desde 2017 e o que mostramos nesta exposição resultará no terceiro volume ‘Scopio Newspaper’ que produzimos sobre o seu trabalho (a sair em junho de 2023).
Não somos arquitetos e chegamos relativamente tarde ao mundo da arquitetura. A nossa abordagem é feita enquanto artistas e colaboramos a partir da dupla perspetiva das nossas práticas artísticas pessoais.
As fotografias que John Szarkowski fez à arquitetura de Louis Sullivan têm uma particular influência no nosso trabalho, ao ponto de adaptarmos para este projeto o título do livro de 1956 de Szarkowski: The Idea of Louis Sullivan. Szarkowski afirmou que estava interessado tanto nos ‘life facts’ como nos ‘art facts’ das obras de arquitetura. Esta questão foi incorporada na sua abordagem, ao enquadrar deliberadamente a arquitetura de Sullivan com a vida das ruas que a envolvem. Szarkowski apresenta três ou quatro fotografias a preto e branco de cada edifício. Nós apresentamos mais, e são imagens a cores e duracionais. Esta relação duracional com a arquitetura é importante numa época e cultura de excesso de imagens, velocidade e transitoriedade.
O tempo é central para a fotografia. A fotografia é do momento, do instante, e nas nossas imagens estamos conscientes dessa condição, que transparece nas sombras que se projetam nas estruturas e na nossa perceção de como a aparência das obras é mutável sob diferentes luzes e em diferentes épocas. As imagens desta exposição (e da subsequente publicação) enfatizam as imensas mudanças que se podem observar quando a construção é olhada num dia enublado ou num dia de sol ou quando as marés e o constante movimento da água a envolve. (…) Uma das nossas simples descobertas ao fotografar a arquitetura de Siza, é a forma como as estruturas modernistas nunca estão em branco. A parede branca é animada por sombras projetadas, superfícies brutalistas deterioram-se e ficam desgastadas de uma forma belíssima. Ao nosso olhar, isto transforma-se numa espécie de ornamentação.
A arquitetura pode ser trazida para o mundo contingente através da forma como se mostra o seu contexto e, como no caso de algumas fotografias de Szarkowski, através da relação que estabelece com a rua e com as pessoas que utilizam os edifícios. Este contexto encerra a arquitetura num determinado tempo e contraria um desejo de a idealizar e separar do mundo real. Por muito que possamos mostrar as construções enquadrada no seu contexto, ainda pensamos que, na nossa fotografia, existe alguma reverência, e um reconhecimento de que há algo de sublime e transcendente na nossa experiência da arquitetura. Isto tem muito a ver com a sua forma e com a experiência da forma para lá da função.
Liverpool (RU) / Porto (PT) | Janeiro 2023 Mark Durden e João Leal
Site do Projeto: http://www.durden-leal.com/
Exposição patente de 11 de fevereiro a 25 de março
NOTAS BIOGRÁFICAS
MARK DURDEN Mark Durden é escritor, artista e professor. As suas publicações incluem ‘The Routledge Companion to Photography Theory’, co-editado com Jane Tormey (Routledge 2019), ‘Photography Today’ (Phaidon, 2014), que foi posteriormente traduzido para francês, espanhol, turco e chinês, ‘Fifty Key Writers on Photography’ (Routledge 2012), que foi traduzido para chinês e farsi. Juntamente com David Campbell e Ian Brown, faz parte do coletivo de artistas Common Culture. Foi curador de várias exposições sobre arte e consumismo e arte e comédia com David Campbell: ‘Variable Capital’ no Bluecoat Liverpool em 2008, e ‘Double Act’ que foi lançado no Bluecoat Liverpool e no MAC Belfast em 2016 e depois adaptado para uma exposição nos Açores em 2017. Atualmente é Professor de Fotografia e Diretor do ‘European Centre for Documentary Research’ na University of South Wales, no Reino Unido.
JOÃO LEAL João Leal é artista e professor. Participa em exposições individuais e colectivas desde 2001. Desenvolve trabalhos utilizando imagens em movimento, estáticas e som que se apresentam no formato de exposição, projeção e instalação. Enquanto artista tem como principais interesses as ideias de “estrutura” (e as suas várias conotações), a dicotomia “proximidade / distância” e as formas de ocupação do espaço expositivo. Em 2005 venceu, ex-aequo, o Prémio Pedro Miguel Frade, do Centro Português de Fotografia, com o trabalho “Night Order”. Em 2018 venceu o prémio aquisição da XX Bienal de Cerveira, com o trabalho “Where Am I” Doutoramento em Artes Visuais (‘practice based’ em instalação, fotografia e videoarte) pela University of South Wales em ligação com o European Centre for Documentary Research. Trabalhou nos Teatros Nacionais São João e D.Maria II, na RTP televisão portuguesa e na “Casa da Música”. É Professor no Departamento de Artes da Imagem P.Porto |ESMAD e membro do CEAU | AAI – Grupo de Investigação em Arquitetura, Arte e Imagem e unidade de investigação da UNIMAD. Website pessoal: http://www.joaoleal.pt/
Inauguração “A Ideia de Álvaro Siza – Piscina das Marés” de Mark Durden e João leal