CATARINA E A BELEZA DE MATAR FASCISTAS
CATARINA E A BELEZA DE MATAR FASCISTAS
O nosso tempo mudou e é talvez tempo de o teatro usar os seus artifícios para nos transportar a um tempo futuro que melhor nos fale do tempo presente. Foi este olhar mais alegórico, em contraponto a um olhar documental inicial, que Tiago Rodrigues tomou como nova premissa da sua peça, Catarina e a Beleza de Matar Fascistas. É que a pandemia e a crescente impotência das democracias face aos populismos vieram baralhar e agudizar as questões nela em causa. Uma família reúne-se numa casa perto da aldeia de Baleizão, para cumprir uma tradição anual antiga, raptar e matar fascistas. É a vez de Catarina, o seu mais jovem elemento. É um dia de festa, beleza e morte. Mas Catarina é incapaz de matar e o conflito instala-se, enquanto o fantasma de uma outra Catarina, Eufémia de apelido, assoma. O que é um fascista? Há lugar para a violência na luta por um mundo melhor? Podemos violar as regras da democracia para melhor a defender? Como um poema distópico, o espetáculo afasta-se da realidade para melhor nos aproximar dela, ensaiando uma negociação poética com a cultura popular tradicional, dos poemas à orquestração e figurinos. O teatro é assim uma forma coletiva de projeção no futuro que nos cabe construir.
CATARINA E A BELEZA DE MATAR FASCISTAS