
Bruscamente no Verão Passado
Tennessee Williams (1930-83) era já um nome de vulto no teatro americano quando escreveu Bruscamente no Verão Passado (1958), adaptado ao cinema logo no ano seguinte por Joseph L. Mankiewicz, com argumento de Gore Vidal. A peça e o filme, o teatro e o cinema, são o foco da proposta do Ensemble e da encenação de Carlos Pimenta, que conta com uma nova tradução da poeta Ana Luísa Amaral. “Um confronto entre imagens: as do cinema, invariáveis e impositivas, e as do teatro, instáveis e esguias.” Quem era Sebastian? O que lhe aconteceu, bruscamente no verão passado? Personagem ausente da ação (mas omnipresente, como uma assombração), constrói-se pelas versões contraditórias que dele têm a Sra. Venable (a mãe) e Catharine (a prima), e a cuja essência tenta aceder o Dr. Cukrowicz (e nós, espectadores). O embate das imagens imaginadas de cada personagem é turbinado pelas sombras da memória e pela voracidade do desejo. Na recordação da luz de uma praia da costa europeia irrompem o negrume e uma pergunta: qual é, afinal, a verdade?
Bruscamente no Verão Passado – Teatro São João