A PERTURBAÇÃO DO CIDADÃO EXEMPLAR
Um cidadão exemplar é um sujeito polido, higiénico, sem manchas negras, avesso a conflitos e um feliz respeitador de regras. Um cidadão exemplar não tem tempo porque tem a vida cheia, preenchida, sem buracos na existência. Cada vez mais cheia, mais preenchida, mais sem buracos para existir. Não tem espaço para duvidar por- que não tem tempo para questionar. É afirmativo, definido, muito bem resolvido. Um cidadão exemplar não consegue parar. Porque parar é morrer e isso não pode ser. Mas não sabe dançar. Tem o corpo ressequido, o cérebro aturdido. Falta-lhe ginga na anca e fome na pança. Um cidadão exemplar não sabe dançar. E talvez isso o possa matar.
Tomando como inspiração uma das estórias mais célebres de Herman Melville, Bartleby, este espetáculo coloca em arena de combate o conceito de trabalho, tal como hoje o conhecemos. Celebra-se o ritmo como força pulsante e formadora de humanidade, num mundo-máquina desprovido de corpo-animal.
Neste espetáculo, uma produção das Comédias do Minho, com encenação e direção artística de Joana Magalhães, conta-se a estória desta perturbação, fazendo suar o discurso no corpo dos atores, ao ritmo frenético de uma bateria.
Associação de Moradores do Bairro Social da Pasteleira – Previdência/Torres
Rua Gomes Eanes de Azurara, 129
A PERTURBAÇÃO DO CIDADÃO EXEMPLAR – ASSOCIAÇÃO DA PASTELEIRA TORRES VERMELHAS