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A MESA da Ana Luísa Amaral no MIRA

A MESA da Ana Luísa Amaral no MIRA

A MESA da Ana Luísa Amaral no MIRA

Herdamos a mesa da Ana Luísa Amaral. A sua filha Rita sabia do afeto que a mãe tinha por aquela mesa onde lia, onde bebericava o seu chá, onde empilhava livros e escritos. Não queria que ficasse guardada num armazém ou fosse acolhida numa casa privada. A possibilidade do MIRA surgiu e quando fomos buscar a mesa, a Rita manifestou a sua grande alegria porque “a minha mãe gostava muito do MIRA”

A mesa da Ana Luísa é agora a nossa mesa de trabalho, de criação, de conversas e discussões e está no nº 155 da Rua de Miraflor. Vamos imprimir e encaixilhar o poema MESA – que se transcreve em baixo – e no dia 25 de novembro, sábado, pelas 17h00, à volta da mesa, pediremos que os presentes leiam um poema, que o digam como souberem e no tom que quiserem. Será o modo de dar as boas vindas à mesa convocando tantos outros objetos comuns resgatados da vulgaridade pela poesia da Ana.

Apareçam! Tragam um poema! Celebremos a poeta, dizendo-a!

Se a geografia não vos permitir vir a Campanhã, enviem uma gravação com com o poema lido por vocês. Juntaremos as gravações e produziremos um vale de vozes a dizer a Ana Luísa.

Podem enviar a vossa gravação por messenger ou email – miraforum@miragalerias.net

 

A MESA

A minha pátria é esta sala que dá para a varanda e é também a varanda com as suas flores que vão e vêm meses fora, e eu vejo luminosas mesmo quando se tornam cor de vento triste

A minha pátria é a toalha branca que me cobre, são os pratos que sustento todos os dias, os braços que se encostam a mim, até a água onde quase me afoguei, por culpa distraída da mão que no meu corpo a colocou, mão insensata esquecida de cuidar

Comecei cedo a conhecê-la, à minha pátria. Quando era ainda paisagem perfumada das madeiras, irmãs de nascimento, a serração, o ar coberto de minúsculos fios de pó tão bem cheiroso, os dedos que depois me tomaram, tábua larga, me afagaram com plainas, o verniz, o brilho

tudo isso foi já a minha pátria: pradaria de insectos, ventos brancos, a seiva viva que corria nos meus veios, a água que eu bebia para sobreviver, e que me protegia

Que a mão que agora aqui e sobre mim se estende se lembre desta inteira condição comum: de reino igual viemos, para igual reino vamos, ela e eu

os átomos que me formam e fizeram podem ter sido os seus

Ana Luísa Amaral, MUNDO Assírio & Alvim 2022

A MESA da Ana Luísa Amaral no MIRA

Data

25 Nov 2023
Desde

Hora

17:00

Localização

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