
À Espera de Godot no TNSJ
À Espera de Godot no TNSJ
7 de Mar – 27 de Mar
Alguém escreveu que À Espera de Godot é uma peça onde “nada acontece, duas vezes”. Há uma árvore que reverdece na passagem do primeiro para o segundo ato. Há as botas de Estragon e o chapéu de Vladimir, dois palhaços-vadios que esperam e esperam. Samuel Beckett deu sólidos contributos para que a peça permanecesse num limbo de ambiguidade. Disse que “Godot” descendia de “godillots”, calão francês para… “botas”. Encenador cosmopolita e multipremiado, diretor artístico do Teatro Húngaro de Cluj, na Roménia, desde 1990, e presidente da União dos Teatros da Europa desde 2018, Gábor Tompa é uma personalidade cuja importância extravasa os palcos. O crítico Georges Banu descreve-o como um “construtor de pessoas e de lugares”, um artista que olha com relutância para o “realismo”, um descendente de Kantor e “irmão” de Josef Nadj. O Teatro Nacional São João convida-o para dirigir esta “tragicomédia em dois atos”, que ele tem visitado com regularidade, como um maestro que recria, com músicos diferentes, uma “estrutura musical de uma assombrosa precisão”. O Centenário termina aqui, com À Espera de Godot. “Talvez devêssemos recomeçar tudo”, pondera Vladimir. “Pode-se começar de onde se quiser”, afirma Estragon.
À Espera de Godot no TNSJ